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"Segundo tremor provocou caos e pânico", conta nepalesa

Gabriel Dominguez (ca)26 de abril de 2015

Um dia após o terremoto no Nepal, país asiático é abalado por novo violento tremor. Em entrevista à DW, a jornalista Shiwani Neupane diz que situação está muito difícil para população nos vilarejos ao redor de Katmandu.

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Nepal Schweres Nachbeben nach Erdbeben in Kathmamdu
Foto: AFP/Getty Images/P. Mathema

O Nepal foi atingido neste fim de semana por uma grande tragédia causada por dois fortes terremotos que deixaram, até este domingo (26/04), 2,5 mil mortos.

Moradora da capital Katmandu, a jornalista e autora nepalesa Shiwani Neupane falou sobre os tremores que atingiram seu país em entrevista à DW. O segundo terremoto provocou o desabamento de muitas casas que haviam sido somente danificadas no primeiro terremoto, contou Neupane.

A jornalista ressalta que os vilarejos em torno da capital Katmandu foram os principais atingidos, e as pessoas estão cada vez mais receosas.

Neupane é a criadora do website Story of South Asia (História do sul da Ásia) com relatos sobre a região.

Deutsche Welle: Onde as pessoas passaram a noite após o terremoto de 7,8 de magnitude que danificou muitos edifícios no sábado?

Shiwani Neupane: A maioria das pessoas teve de dormir na rua. Muitos enfrentaram o frio da noite em locais públicos, no centro de Katmandu. Outros acamparam em algum lugar ao relento, onde pudessem achar um gramado. Só poucos puderam dormir em suas casas – eu também pude dormir do lado de dentro.

Depois do tremor principal, por volta do meio-dia de sábado, foram registradas mais de 20 réplicas. Que impacto tiveram os novos tremores?

Durante o último tremor secundário, que teve uma magnitude de 6,7, eu estava na rua. Naquele momento, muitas pessoas achavam que o pior já havia passado e que poderiam voltar para as suas casas. Mas quando a terra voltou a tremer tão fortemente, houve pânico e caos. As pessoas, algumas com crianças pequenas, começaram a gritar e correram para espaços abertos. Eles ainda estão acampados lá fora e têm cada vez mais medo de tremores ainda mais fortes.

Shiwani Neupane
Shiwani Neupane é jornalista no Nepal e iniciadora do site "Story of South Asia"Foto: privat

Os meios de comunicação no Nepal informam que centenas de pessoas podem ter morrido após esse novo tremor secundário, já que houve deslizamentos de terra nas proximidades do epicentro. O "segundo tremor" – como é chamado por muitas pessoas – também destruiu a estrutura de muitos edifícios, causando o desabamento de muitas casas que haviam sido somente danificadas pelo primeiro terremoto.

Como as autoridades responderam ao primeiro tremor de magnitude 7,8?

As autoridades tentam fazer o que podem. Médicos e enfermeiras cuidam de doentes e feridos, trabalhando muitas vezes até a exaustão. No entanto, muitas pessoas ainda estão presas e soterradas nos prédios desabados. Todos aqui são vítimas da catástrofe e a maioria das pessoas quer ajudar primeiramente a família e os amigos.

Quais as maiores dificuldades enfrentadas pelas equipes de busca?

O novo tremor, seus danos e o caos são, no momento, os maiores obstáculos para os voluntários. Muitas ruas foram liberadas novamente, para que as equipes de resgate possam chegar aos feridos e também possam viajar para outras regiões afetadas. Isso não vale para regiões próximas do epicentro, como, por exemplo, Kaski, Gorkha, Lamjung, onde também houve graves danos.

A ajuda internacional já chegou e tem alcançado as pessoas?

A Índia está fazendo grandes esforços, disponibilizando ainda assistência e mantimentos. Aviões e helicópteros aterrissam, trazendo o material de ajuda para o país. Nossos vizinhos indianos também expressaram suas condolências e a simpatia para conosco.

Os danos aqui são muito grandes, principalmente nos vilarejos ao redor de Katmandu. Muita ajuda ainda é necessária nos próximos dias. A pergunta é se ela virá.