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Schröder propõe exame de ofertas do Iraque

(ef)9 de agosto de 2002

O chanceler federal alemão, Gerhard Schröder, sugeriu que se examine a seriedade das ofertas do Iraque e advertiu que um ataque militar dos EUA ao país poderia ter conseqüências graves para a economia mundial.

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Gerhard Schröder: Alemanha é um parceiro de confiançaFoto: AP

O chefe de governo alemão voltou a advertir contra uma ofensiva militar dos EUA contra o Iraque, numa entrevista à DW-TV. Ele argumentou que um ataque militar poderia diminuir o isolamento internacional do país e provocar um rompimento da coalizão antiterror. Schröder sugeriu, ao mesmo tempo, que a comunidade internacional aumente as pressões sobre Bagdá para forçar um acesso de inspetores de armas das Nações Unidas ao arsenal iraquiano, a fim de averiguar se o regime de Saddam Hussein possui ou desenvolve armas de destruição em massa.

"Mas temos que ser conseqüentes e examinarmos a seriedade de suas ofertas", afirmou o líder social-democrata alemão. A proposta mais importante feita por Bagdá até agora é a de abrir as portas aos inspetores de armas da ONU em troca de uma suspensão do embargo internacional contra o Iraque, imposto em represália à invasão do Kuweit, em 1990.

Cautela é mandamento

Cautela seria um mandamento da política para o Iraque, recomendou Schröder, "porque ainda não está ganha a luta contra o terrorismo internacional e os talibãs". Por isso, o político alemão desaconselhou novas ações agora numa região politicamente instável e, ao mesmo tempo, importante para a economia mundial, como o Oriente Médio. O maior risco seria um aumento do preço do petróleo. A resistência do governo alemão a um ataque contra o Iraque não seria motivo para acusar Berlim de não ser um parceiro confiável, segundo Schröder, porque a maior contribuição com tropas para ações internacionais, como no Afeganistão e nos Bálcãs, foi exatamente da Alemanha.

Schröder acha que os esforços internacionais deveriam se concentrar numa solução pacífica para o conflito no Oriente Médio. "A região precisa de nova paz e não de mais uma guerra", disse ele, por ocasião do lançamento da campanha eleitoral do seu partido social-democrata (SPD), na segunda-feira (5). "Uma ofensiva militar agravaria a crise econômica internacional e nos traria agora mais dificuldades econômicas". Como país de exportação, a Alemanha seria altamente prejudicada com uma nova crise mundial.

Otimismo apesar das intenções de voto

Na entrevista à DW-TV, Schröder mostrou-se otimista com o seu partido (SPD) na eleição do novo Parlamento e do governo, em 22 de setembro, embora as pesquisas sobre intenção de voto indiquem uma maioria para os partidos de oposição democrata-cristã (CDU e CSU) e liberal (FDP). O candidato à reeleição aposta na capacidade de os social-democratas mobilizarem os quase 50% dos eleitores indecisos. Segundo o resultado de uma pesquisa divulgado nesta sexta-feira (9), a preferência pessoal do eleitorado por Schröder aumentou de 48% para 50%, enquanto pelo seu concorrente, Edmund Stoiber, caiu de 41% para 38%.

Como a eleição do chanceler federal não é direta e o SPD de Schröder só conta com 36% das intenções de voto e o seu parceiro de coalizão (Partido Verde) com 6%, as evidências são de mudança. As legendas irmãs CDU-CSU contam com 41% das intenções de voto e o seu provável parceiro de coligação, o Partido Liberal, com 9%. O partido neocomunista PDS está com 6%. Estes índices mostram que os escândalos de vôos particulares de deputados, usando milhas adquiridas na Lufthansa com vôos de serviço, assim como o aumento do desemprego e a discussão sobre o Iraque não influenciaram as preferências do eleitorado alemão.

Na entrevista à DW-TV, o chefe de governo justificou com a "crise internacional" o não cumprimento da promessa eleitoral que fizera quatro anos atrás de reduzir o número de desempregados para 3,5 milhões durante o seu governo. Em julho passado foram registrados mais de 4 milhões de pessoas sem emprego na Alemanha.