Rússia intensifica ataques à Ucrânia após fim do cessar-fogo
9 de janeiro de 2023A Rússia intensificou os ataques à Ucrânia neste domingo (08/01), após o fim do cessar-fogo unilateral de 36 horas ordenado pelo presidente russo, Vladimir Putin, devido ao Natal ortodoxo.
Moscou disse que continuará com sua ofensiva, que descreve como uma "operação militar especial".
"E definitivamente haverá uma vitória", disse o primeiro vice-chefe de gabinete de Putin, Sergei Kiriyenko, segundo a agência estatal russa Tass.
Embora Putin tenha anunciado uma pausa nos ataques do meio-dia de sexta-feira à meia-noite de sábado, a Ucrânia denunciou que os bombardeios não cessaram em nenhum momento. O Kremlin nega e diz que a Ucrânia bombardeou posições ao longo da linha de frente, forçando suas tropas a responderem com fogo, apesar da trégua declarada.
Em uma mensagem de vídeo na noite de sábado, o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, disse que o cessar-fogo declarado por Putin não conseguiu trazer qualquer trégua aos combates.
"O mundo pôde ver mais uma vez como as declarações falsas de Moscou são em todos os níveis", afirmou Zelenski.
O governo ucraniano, por sua vez, descreveu a medida como "hipocrisia" e disse tratar-se de uma manobra usada pelas forças russas para ganhar tempo para o reagrupamento. Muitos observadores internacionais também duvidaram que a Rússia cessaria os ataques.
Autoridades ucranianas disseram que um homem de 50 anos foi morto em bombardeios russos na região nordeste de Kharkiv na noite de sábado e que pelo menos duas pessoas morreram neste domingo em combates no leste da Ucrânia – uma na cidade de Merefa, na região de Kharkiv, e outra em Bakhmut, onde outras oito ficaram feridas.
Segundo o governador da região de Donetsk, houve nove ataques com mísseis russos durante a noite, sete dos quais atingiram a cidade de Kramatorsk. Autoridades ucranianas também relataram explosões em outros locais da região do Donbass e explosões na cidade de Zaporíjia, no sudeste do país.
Também neste domingo, Kiev admitiu que os soldados ucranianos enfrentam dificuldades para proteger a área de Bakhmut, na região de Donetsk.
"Está difícil em Soledar no momento", escreveu a vice-ministra da Defesa, Hanna Maljar, no Telegram.
Assim como a vizinha Bakhmut, disputada há meses, Soledar faz parte do muro defensivo ucraniano em frente à conurbação entre Sloviansk e Kramatorsk, região chave para ambos os lados.
Os russos concentraram grandes forças na frente de Soledar: não apenas unidades regulares do exército russo foram mobilizadas, como também tropas mercenárias, disse Maljar. Segundo Kiev, porém, as tropas ucranianas continuam mantendo o controle da cidade.
Rússia diz ter matado 600 soldados ucranianos
O Ministério da Defesa da Rússia afirmou neste domingo ter matado mais de 600 soldados ucranianos em dois quartéis militares no reduto ucraniano de Kramatorsk.
Segundo o porta-voz do Ministério da Defesa russo, Igor Konashenkov, a artilharia russa lançou um "ataque maciço de mísseis" contra dois dormitórios naquela cidade depois de receber informações confiáveis sobre sua localização.
Segundo a fonte, havia mais de 1,3 mil soldados em ambos os quartéis, dos quais mais de 600 morreram sob as bombas russas.
O general russo descreveu o bombardeio como uma "operação de vingança" pelo ataque ucraniano perpetrado à meia-noite de 31 de dezembro a 1º de janeiro contra uma unidade militar russa na cidade de Makiivka, também em Donetsk.
Conforme reconhecido pelo Exército russo, 89 soldados morreram no bombardeio realizado com lançadores de mísseis HIMARS depois que Kiev supostamente localizou esses militares devido ao uso massivo de telefones celulares para felicitar seus familiares.
As baterias antiaéreas interceptaram dois mísseis, mas quatro atingiram o prédio, cujo telhado desabou sobre os soldados.
Troca de prisioneiros
Também neste domingo, a Rússia e a Ucrânia anunciaram a troca de 100 soldados, 50 de cada um dos lados, aprisionados durante os combates em território ucraniano.
"Foram repatriados 50 soldados [ucranianos] que estavam em perigo de vida em cativeiro", indicou, em comunicado, o Ministério da Defesa russo, adiantando que a libertação dos militares foi o resultado de "intensas negociações" realizadas nos últimos dias entre Moscou e Kiev.
Por outro lado, acrescentou o Ministério da Defesa da Rússia, os soldados russos serão transportados de avião para Moscou para que possam cumprir um período de "reabilitação médica e psicológica".
Em Kiev, a Presidência da Ucrânia confirmou a libertação dos 50 soldados ucranianos, entre eles 33 oficiais e 17 sargentos e soldados rasos, que foram detidos em locais como os arredores de Kiev, próximo da central nuclear de Chernobil ou na cidade portuária de Mariupol.
le (Reuters, DPA, AFP, AP, ots)