Ré Soupault: biografia e obra
O começo na Bauhaus
O nome Ré Soupault só veio mais tarde. Meta Erna Niemeyer nasce em Bublitz, na Pomerânia, em 1901. De 1921 a 1925, estuda na Bauhaus em Weimar, onde aprende com artistas como Wassili Kandinsky, Paul Klee e Walter Gropius. Embora aulas de fotografia não fizessem parte do currículo, a amizade com Otto Umbehr, que se dedicava a experimentos com uma câmera emprestada, lhe rende os primeiros contatos com o equipamento.
Tempos difíceis
Ainda como estudante, Erna Niemeyer conhece através de um colega o cineasta e dadaísta sueco Viking Eggeling, para quem trabalha como assistente durante a produção de seu filme 'Symphonie Diagonale', uma mistura de ritmo, figuras abstratas e movimento. Nos difíceis tempos da hiperinflação, ninguém menos que o dadaísta Kurt Schwitters lhe ajuda a sobreviver.
Portas fechadas
Após o fechamento da Bauhaus em Weimar em 1925, Erna Niemeyer não vê futuro na nova Bauhaus em Dessau e muda-se para Berlim, onde se casa com o também cineasta e dadaísta Hans Richter. O apartamento do casal na rua Trabenerstrasse se torna ponto de encontro de vanguardistas, freqüentado, entre outros, por Fernand Léger, Man Ray e Sergei Eisenstein.
Multitarefas
As atividades a que Erna Niemeyer se dedica não são poucas. Na capital, trabalha como jornalista de moda, assumindo diversos pseudônimos, entre eles Renate Green. Nessa época, desenha seus primeiros croquis de saias para o estilista francês Paul Poiret. Assume publicamente o nome de Renate Richter – Kurt Schwitters a chamava de Ré.
Vestindo a boemia
Em 1928, separa-se de Hans Richter e muda-se para Paris, onde inaugura seu próprio ateliê Ré Sport em 1931. A decoração interior do estúdio fica por conta de Mies van der Hohe. Suas coleções agradam a boemia francesa e são fotografadas por Man Ray. Encontros quase diários no Café du Dome.
Virando Soupault
Ré fecha o estúdio já em 1834 após conhecer Philippe Soupault, um dos fundadores do movimento dadaísta e surrealista francês ao lado de André Breton e Louis Aragon. Com ele, viaja pelos Estados Unidos, Alemanha, Escandinávia, Espanha, Itália, Tcheco-Eslováquia e o norte da África.
Primeiras fotos
Atendendo a um desejo de Soupault, que trabalha como repórter e redator-chefe para diversas publicações, começa a fotografar para ilustrar suas reportagens. Em 1937, os dois se casam. Quando Philipp foi encarregado pelo governo socialista francês de organizar a Rádio Tunis como uma emissora antifascista em 1938, ambos se mudam para Tunísia.
Os anos na Tunísia
Instalada na capital Tunis, Ré Soupault trabalha como jornalista, escritora e fotógrafa. Diversas reportagens fotográficas importantes surgem neste período, entre outras coisas sobre as mulheres do chamado Quartier reservé, um reduto proibido no qual viviam mulheres rejeitadas pela família, e a peregrinação de fiéis a Meca.
Na lista negra
Na lista negra do governo de Vichy e dos nazistas, Philipp e Ré deixam a Tunísia às pressas em 1942 e escapam das tropas de ocupação por apenas um dia, deixando impressões, negativos e equipamentos na casa que foi vasculhada diversas vezes.
Passeio pela América
Durante o governo de Charles de Gaulle, Philipp é encarregado da criação de uma agência francesa de notícias para as Américas. Nos EUA, o casal encontra velhos conhecidos, entre eles Fernand Léger e Man Ray, o pintor Max Ernst e o compositor Kurt Weill. Viajam juntos pela América Latina, passando inclusive pelo Brasil, e separam-se após o retorno em 1945.
Separação e reencontro
Ré Soupault vive um ano sozinha em Nova York, onde assume o estúdio de Max Ernst, além de trabalhar como jornalista e desenhista, até retornar à Europa em 1946. Em Paris, recebe de uma amiga uma caixa de madeira comprada num bazar na Tunísia, na qual reconhece parte do material detido pelos nazistas.
Descanso em Paris
Em 1948, instala-se em Basel, onde trabalha como jornalista e tradutora de literatura francesa para o alemão. Na década de 50, publica ainda algumas séries sobre campos de fugitivos na Alemanha. Em 1955, volta para Paris, onde vive até sua morte em 1996. Seu corpo foi enterrado junto ao de Philipp Soupault no cemitério parisiense de Montmartre.