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Congo já registra quase mil mortes por ebola

2 de maio de 2019

Controle do maior e mais letal surto na história do país africano é dificultado pela recusa de algumas comunidades de receber tratamento e devido à insegurança na região atingida, onde operam grupos armados.

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Exercício para prevenção do ebola em escola na República Democrática do CongoFoto: Getty Images/A. Mcbride

O surto de ebola em duas províncias no nordeste da República Democrática do Congo (RDC) já causou 970 mortes em aproximadamente 1.500 infecções registradas, segundo os dados divulgados na quarta-feira (1º/05) pelo Ministério da Saúde do país africano.

O número de mortos pelo vírus ebola – que afeta desde o 1º de agosto de 2018 as províncias de Kivu do Norte e Ituri – passou de 630 para 970 pessoas em pouco menos de um mês: um aumento de mais de 50%.

Os casos de ebola e de mortes em comunidades, ou seja, que ocorreram fora de um centro de tratamento, dispararam – somente na semana passada foram registrados 126 casos. O ápice foi registrado no domingo, com 27 casos registrados apenas naquele dia.

O controle desse surto, o maior e mais letal na história da República Democrática do Congo, tem sido dificultado pela recusa de algumas comunidades em receber tratamento e devido à insegurança na região atingida, onde operam numerosos grupos armados.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) e organizações como a Médicos Sem Fronteiras (MSF) foram forçadas a paralisar algumas de suas atividades em áreas como Butembo – um dos principais pontos ativos do vírus – devido a ataques a seus centros.

No mais grave desses ataques morreu o epidemiologista congolês Richard Mouzoko, que havia sido enviado pela OMS para Butembo para ajudar nos esforços para controlar a atual epidemia de ebola.    

O diretor-geral da OMS, o etíope Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou estar profundamente preocupado depois de uma visita à cidade afetada de Butembo e prestou sua consternação pela morte do médico congolês.

Desde agosto de 2018, quando foram iniciados os procedimentos de vacinação, mais de 105 mil pessoas foram inoculadas, principalmente nas cidades de Katwa, Beni, Butembo, Mabalako e Mandima, segundo o Ministério da Saúde da República Democrática do Congo.

O governo congolês também divulgou os resultados de investigações realizadas nos últimos anos que revelam que dois em cada dez sobreviventes do ebola desenvolvem problemas oculares de diversos tipos, desde inflamação dos olhos até perda total da visão.

Esses problemas ocorrem devido aos efeitos colaterais do tratamento experimental, que não tem a aprovação oficial das autoridades de saúde, mas que tem tido bons resultados nos últimos surtos. O governo congolês, em conjunto com a OMS, instalou centros oftalmológicos nas cidades de Beni e Butembo para fazer exames médicos em sobreviventes.

A República Democrática do Congo foi atingida nove vezes pelo vírus ebola – a primeira manifestação do vírus no país foi em 1976.

No entanto, trata-se da primeira vez que um surto de ebola ocorre numa zona de conflito. A presença de grupos armados leva ao deslocamento contínuo de centenas de milhares de pessoas que podem ter tido contato com o vírus e dificulta o trabalho de organizações de socorro.

O atual surto na República Democrática do Congo somente é excedido em magnitude pela epidemia declarada em março de 2014, com casos que datavam de dezembro de 2013 na Guiné, antes de se estender a Serra Leoa e Libéria.

Em janeiro de 2016, a OMS declarou o fim daquela epidemia, com o balanço de 11.300 mortes e mais de 28.500 pessoas infectadas – mas a própria agência admitiu que esses números podem ser conservadores.

O vírus ebola é transmitido por meio do contato direito com sangue ou fluidos corporais contaminados, causa febre hemorrágica e pode atingir uma taxa de mortalidade de 90% caso não seja tratado a tempo.

PV/lusa/efe/dpa/apd

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