Relatório critica as mães alemãs
25 de abril de 2006A ministra alemã da Família, Ursula von der Leyen, apresentou nesta terça-feira (25/04), em Berlim, o sétimo relatório do governo sobre o incentivo à formação familiar e reavaliar a estrutura de apoio financeiro à família no país.
Von der Leyen pleiteia a criação de um benefício seguindo o modelo escandinavo de compensação salarial e critica o fato de apenas as mães – e não os pais – terem de abrir mão de sua independência financeira.
Revisão geral
Forçado pelos resultados insatisfatórios, principalmente na comparação com outros países europeus, o governo alemão quer agora empreender uma revisão geral dos benefícios concedidos à família.
Segundo o atual relatório, outros países teriam obtido resultados mais satisfatórios com base em critérios como taxa de natalidade, compatibilidade entre família e vida profissional, e nível educacional, mesmo tendo investindo quantias menores.
A cada ano, o incentivo à família custa a Berlim 150 bilhões de euros. Mas, segundo o jornal Rheinische Post, que menciona o documento de 600 páginas, "investimentos financeiros até hoje não fizeram com que os jovens alemães vissem a criação de uma família como parte de um projeto de vida conjunto, tal como na França, na Dinamarca, na Suécia, na Holanda e no Reino Unido".
Solução é concentrar
O projeto de reforma do governo conta com o apoio de especialistas que sugerem que o auxílio financeiro à família não deve dar-se através de uma miríade de pequenos incentivos, mas que o governo avalie quais fases do desenvolvimento familiar justifiquem um maior investimento e se concentre nelas. Para isso, está sendo avaliada inclusive a criação de uma "poupança familiar".
A partir de 2007, o governo alemão pretende criar um novo incentivo a quem tira licença no primeiro ano do filho: trata-se de uma ajuda financeira correspondente a 67% do salário líquido obtido até então pelos pais, não ultrapassando 1,8 mil euros ao mês.
Este apoio deverá ser concedida durante 10 ou 12 meses, desde que tanto a mãe como o pai se licenciem do trabalho (por exemplo, a mãe por 10 meses e o pai, por dois). A medida visa envolver também o pai na educação dos filhos.
Mães trabalham muito pouco?
Ainda segundo o Rheinische Post, o relatório critica não só a pouca disposição das mães em trabalhar fora, mas também o pouco tempo que dedicam aos filhos. Se França, Suécia, Noruega e Finlândia, onde há mais mães empregadas do que na Alemanha, as mulheres passam em média 2,5 horas por dia com seus filhos, na Alemanha este tempo médio é de apenas 2 horas e 18 minutos.
Além disso, a dificuldade de conciliar a vida profissional e a maternidade estariam deixando de ser o principal motivo para não se ter filhos. O próprio desejo de ser mãe é que diminuiu na Alemanha, aponta o relatório.
Enquanto em outros países europeus estudos mostram que para mulheres entre 20 e 34 anos o número de filhos em uma "família ideal" é de 2,5 filhos, no oeste alemão este índice não passa de 1,7 e no Leste, 1,6 filho. Entre os homens alemães da mesma faixa etária, a "família ideal" deveria ter apenas 1,5 filho, observa o relatório do ministério alemão da Família.