Entre morros e videiras
25 de julho de 2009Onde o Rio Saale faz uma grande curva em torno de Naumburg, antiga sede episcopal, e as águas do Unstrut se encontram com o Elba, está a região vinícola de Saale-Unstrut: um lugar idílico e muito verde, com seu antiquíssimo terreno em patamares, bosques e prados.
Essa paisagem entre as cidades de Gera e Eisenach, entre a floresta da Turíngia e as montanhas do Harz possui uma dos mais antigas viniculturas da Alemanha: lá se produz vinho há mais de mil anos.
Trabalho difícil em terreno inclinado
Só que, devido ao clima continental, com geadas frequentes e bastante rigorosas, a produção oscila muito. Com uma média de 50 hectolitros por hectare, ela é apenas um terço do que é gerado na região do Palatinado, por exemplo.
As dificuldades geradas pelo terreno íngreme são também razão para os preços bastante elevados do vinho da região do Saale-Unstrut. Assim, a maioria dos vinicultores da região mantém suas plantações apenas como fonte de renda secundária.
Naumburg e Freyburg
As vinícolas já chegaram a se estender até Jena, na Turíngia. Hoje, as videiras se estendem novamente até Bad Sulza, no vale do Rio Ilm, pertencente à região vinícola de Saale-Unstrut. Em Zappendorf, a oeste de Seeburg, está a antiga vinícola da família do compositor Georg Friedrich Händel.
Contudo, a cultura de vinho mais importante se concentra em Naumburg e Freyburg. Os 520 membros da associação local de produtores exploram mais da metade da área total de cultivo.
Vinhos marcantes
Mais de 40 tipos de uva são cultivados na região. As uvas clássicas do Saale-Unstrut são a silvaner e portugieser, que produzem vinho branco e tinto, respectivamente. Somente a partir de 1935, a pinot noir e a riesling passaram a ser cultivadas de forma consequente, porém nunca em quantidade ou área consideráveis.
Atualmente os produtores registram um grande retorno da uva pinot, originária da região francesa de Borgonha: a pinot blanc e a pinot gris são perfeitas para o solo e produzem vinhos bem marcantes.
Doce sedução
Em 1835 teve início a produção do vinho espumante. Quando a bebida entrou na moda, foi fundada em 1856, em Freyburg, a Rotkäppchen Sektkellerei, que fabricava espumante a partir dos vinhos locais.
A partir de 1947, a Rotkäppchen virou uma empresa estatal e foi uma das mais doces seduções da Alemanha Oriental. Em 1989 as vendas chegavam a 15 milhões de garrafas por ano, mas recuaram dramaticamente com a queda do regime comunista. Contudo, a empresa voltou a ter sucesso, e integrou as marcas Mumm, MM Extra e Geldermann.
O pátio interno da fábrica de espumante é uma jóia arquitetônica de 100 anos de existência, e também é usado como local de concertos. Debaixo da terra, as atrações são a adega climatizada de cinco andares e o imponente porão, o "Domkeller", onde se encontra o maior barril entalhado para mistura de vinhos da Alemanha, com capacidade para 120 mil litros.
NP/dw
Revisão: Augusto Valente