Novo boom econômico
16 de maio de 2007A economia alemã iniciou surpreendentemente bem o ano de 2007 e está no melhor caminho para dar continuidade à recuperação registrada no ano passado. No primeiro trimestre, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 3,3% em relação ao mesmo período de 2006.
O governo e os principais institutos de pesquisa econômica do país prevêem para este ano um crescimento do PIB de até 2,4%. No final do ano passado, eles ainda tinham sido bem mais modestos em suas previsões e falavam numa taxa de crescimento em torno de 1,4%. Os maiores bancos alemães agora já prevêem um aumento de até 2,5% do PIB em 2007.
Com isso, apesar do aumento do Imposto sobre Valor Agregado (IVA), de 16% para 19% no início deste ano, a economia alemã poderá alcançar um crescimento próximo dos 2,8% atingidos em 2006, o maior dos últimos seis anos. O Departamento Federal de Estatísticas (Destatis) acaba de corrigir para cima dados publicados em janeiro deste ano, segundo os quais o índice fora de 2,5%.
Causas e efeitos
De acordo com os economistas do Destatis, há vários fatores responsáveis pela recuperação que pôs fim à meia década de estagnação econômica.
Além das exportações, que continuam acontecendo em grande volume, eles citam o aumento dos investimentos empresariais, a redução dos custos de produção através de consensos negociados nos últimos anos entre empresas e sindicatos, o pioneirismo alemão nas tecnologias de proteção ao meio ambiente e o aquecimento do consumo interno.
Um efeito evidente do novo boom econômico é a queda do número de desempregados, de mais de 5 milhões em 2005 para 3,9 milhões em abril passado. O governo prevê uma queda deste número para 3,5 milhões em 2008. "Nunca houve tanta gente empregada na história da República Federal da Alemanha", comemora o ministro da Economia, Michael Glos.
Um outro dado que alegra o governo é que a recuperação econômica enche os cofres públicos, com um acréscimo previsto de 180 bilhões de euros na arrecadação de impostos até 2011. Com isso, pela primeira vez desde 1969, Berlim se aproxima da meta de equilibrar o orçamento federal.
Céticos por natureza, a maioria dos alemães diz que ainda não sente os efeitos positivos da recuperação econômica, mas pelo menos a metade deles admite ver o futuro com otimismo. Entre os jovens de 14 a 17 anos, 77% têm confiança no futuro, conforme um estudo feito pelo pesquisador Horst W. Opaschowskim, de Hamburgo.
"O que acontece na Alemanha é que o país, que já foi considerado o 'paciente da Europa', nunca esteve tão bem como agora", escreve o jornalista suíço Roger de Weck, num ensaio publicado na edição desta semana na revista Der Spiegel.
Crescimento precisa ser duradouro
Na opinião do semanário Die Zeit, os alemães suaram muito por essa recuperação econômica: "Em muitas empresas, os empregados passaram a trabalhar mais por menos dinheiro. Só assim a economia alemã pôde se manter competitiva. Em nenhum outro país industrializado os custos salariais caíram mais em relação ao desempenho econômico desde 2000. Enquanto os alemães economizaram quase 10%, os custos de produção subiram na maioria dos países concorrentes."
Isso explicaria por que nem todos os alemães estão satisfeitos com os números da economia. Na atual rodada de negociações dos acordos coletivos, os sindicatos denunciam a injustiça social e reivindicam uma partilha dos altos lucros atingidos pelas empresas nos últimos anos.
"Para que a recuperação sirva à maioria, ela precisa, antes de tudo, ser duradoura. Somente assim empregados com jornadas parciais podem voltar a ter um emprego de tempo integral. Daí os trabalhadores novamente poderão obter uma maior participação na renda nacional. E então políticos reformadores também terão a possibilidade de gerar mais igualdade de chances", analisa o Die Zeit. (gh)