1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Rússia anuncia "ataques maciços" após ofensiva ucraniana

13 de setembro de 2022

Aviso vem após Ucrânia dizer que retomou neste mês uma área com sete vezes o tamanho de Kiev. EUA apontam "progressos significativos" dos ucranianos.

https://p.dw.com/p/4Glsp
Homem sobre tanque destruído
Soldado ucraniano sobre tanque russo destruído nos arredores de Izium, na província de KharkivFoto: Juan Barreto/AFP

Militares russos disseram nesta terça-feira (13/09) que lançaram "ataques maciços" em todas as linhas de frente na Ucrânia, depois que as forças de Kiev fizeram avanços de território numa contraofensiva no nordeste do país, marcando a maior derrota sofrida pela Rússia desde que suas tropas foram expulsas dos arredores da capital ucraniana nos primeiros dias desses quase sete meses de guerra.

"Forças aéreas, de foguetes e de artilharia estão realizando ataques maciços contra unidades das forças armadas ucranianas em todas as direções operacionais", disse o Ministério da Defesa russo em seu briefing diário sobre o conflito.

A Ucrânia afirmou nesta segunda-feira que suas forças recuperaram ainda mais terreno nas 24 horas anteriores e retomaram neste mês uma área com sete vezes o tamanho de Kiev, enquanto a Rússia respondeu com ataques em algumas áreas recapturadas.

A retirada das tropas russas nos últimos dias atraiu moradores locais em prantos e gerou alívio em ruas cheias de crateras de bombas, inclusive na cidade estratégica, mas fortemente danificada de Izium, no domingo. "Não basta dizer que estou feliz. Simplesmente não tenho palavras suficientes para me expressar", disse Yuri Kurochka, 64 anos.

No entanto, na segunda-feira, Moscou anunciou ataques aéreos, com foguetes e de artilharia em áreas recuperadas na região de Kharkiv, um dia depois de Kiev dizer que ataques russos à infraestrutura elétrica haviam causado cortes de energia.

O fogo de retaliação ocorreu quando a Ucrânia disse que suas forças haviam retomado mais de 20 localidades adicionais, alegando que "as tropas russas estão abandonando rapidamente suas posições e fugindo".

Mapa mostra presença de tropas russas no leste da Ucrânia

"Seis mil quilômetros quadrados recuperados"

Kiev já havia anunciado a recaptura de Izium no leste do país, enquanto o presidente Volodimir Zelenski disse na segunda-feira que as forças da Ucrânia retomaram um total de 6 mil quilômetros quadrados do controle russo em setembro.

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse nesta segunda-feira que as forças ucranianas fizeram "progressos significativos", devido à sua resiliência e ao apoio de Washington.

"É muito cedo para dizer exatamente para onde isso está indo. Os russos mantêm forças muito significativas na Ucrânia, assim como equipamentos, armas e munições. Eles continuam a usá-las indiscriminadamente não apenas contra as Forças Armadas ucranianas, mas contra civis e infraestrutura civil como vimos", disse Blinken.

"O que eles [os ucranianos] fizeram foi planejar metodicamente e, claro, aproveitar o apoio oferecido pelos EUA e outros países para colocar as mãos no equipamento necessário para levar a cabo esta contraofensiva", disse o chefe da diplomacia dos EUA.

Na semana passada, Blinken viajou para a Ucrânia para se encontrar com Zelenski, numa visita surpresa ao país, em que anunciou uma nova ajuda no valor de 2,7 bilhões de dólares.

No total, a assistência militar total dos EUA à Ucrânia aumentou para cerca de 15,2 bilhões de dólares desde o início da presidência de Joe Biden.

Moscou admitiu ter perdido território – o que os especialistas viram como um sério golpe nas ambições bélicas russas –, mas o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse que não há perspectiva de negociações. "A operação militar especial continua e continuará até que os objetivos originalmente estabelecidos sejam alcançados", acrescentou, usando a terminologia russa para a guerra de agressão contra a Ucrânia.

Zaporíjia desligada

Os ataques russos atingiram 15 locais no domingo, de Kramatorsk, no leste, a Mykolaiv, no sul, e Dnipro no centro do país, segundo militares da Ucrânia.

A Ucrânia já havia perdido toda a energia da usina nuclear de Zaporíjia, controlada pela Rússia e ameaçada por bombardeios desde o início da invasão. A agência de energia nuclear do país disse que o último reator ainda em funcionamento na usina – a maior central nuclear da Europa – foi desligado como medida de segurança.

Kiev e Moscou mostraram "sinais de que estão interessados" em criar uma zona de segurança ao redor da usina, disse a Agência Internacional de Energia Atômica nesta segunda-feira. "O que precisamos aqui é que a Ucrânia e a Rússia concordem com um princípio muito simples de não atacar ou não bombardear a usina", disse a repórteres o diretor-geral o órgão de vigilância atômica da ONU, Rafael Grossi.

Entretanto, mais tarde na segunda-feira, o porta-voz do Ministério do Exterior da Ucrânia, Oleg Nikolenko, disse que a única maneira de "garantir a segurança nuclear da usina de Zaporíjia é sua desocupação, desmilitarização e retorno ao controle ucraniano".

"Todos os esforços da AIEA devem estar focados em alcançar esse objetivo", escreveu ele no Twitter.

Ofensiva ucraniana surpreendeu russos

A velocidade da reação da Ucrânia aparentemente pegou os militares russos desprevenidos, trazendo de volta ao domínio de Kiev partes do território que Moscou controlava há meses.

Imagens postadas pelos militares ucranianos mostraram caixas de munições e equipamentos militares espalhados por território abandonado pelas forças russas. Ao redor da cidade de Balakliya, jornalistas da agência de notícias AFP viram evidências de batalhas ferozes, com prédios destruídos ou danificados e ruas quase desertas.

As autoridades ucranianas também alegaram ter encontrado quatro corpos de civis com "sinais de tortura" no vilarejo recapturado de Zaliznychne. Moradores relataram que tropas russas mataram moradores, disse o escritório do promotor regional.

O ministro do Exterior da Ucrânia aproveitou o impulso da reação do país para pedir aos aliados ocidentais mais estoques de armas sofisticadas. "Armas, armas, armas estão em nossa agenda desde a primavera. Sou grato aos parceiros que responderam ao nosso apelo: os sucessos no campo de batalha da Ucrânia são de todos nós", disse Dmytro Kuleba.

md/lf (AFP, EFE)