Quinze anos de crises no Haiti
5 de fevereiro de 2006– Fevereiro de 1991: Jean-Bertrand Aristide assume a presidência do Haiti após ganhar as eleições realizadas no final de 1990.
– Setembro de 1991: Aristide é derrubado por um golpe liderado pelo general Raoul Cédras e obrigado a partir para o exílio.
– Outubro de 1994: Aristide, reconhecido como presidente legítimo pela comunidade internacional, volta ao poder, protegido por tropas americanas. Nos anos seguintes, são realizadas várias eleições denunciadas como fraudulentas pela oposição, dentre elas o pleito de dezembro de 1995, vencido por René Préval, partidário de Aristide.
– Dezembro de 2000: Aristide volta a ganhar as eleições presidenciais com 91% dos votos, mas uma participação muito baixa, e em meio aos protestos da oposição.
– 2002: Sucessivas rodadas de negociação entre o partido governista e a oposição são realizadas sem sucesso. Crescem a violência e a insatisfação. Os EUA, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a União Européia (UE) suspendem sua ajuda econômica. Em agosto, começam distúrbios nos quais os manifestantes pedem a renúncia de Aristide.
– Janeiro de 2003: Dias de greve convocados pela entidade patronal e pela Sociedade Civil, que reúnem 184 organizações contra o presidente.
– 23 de setembro de 2003: Assassinato de Amiot Métayer, chefe do grupo Exército Canibal, antigo aliado de Aristide. Seus partidários culpam o presidente pela morte. Aumentam os protestos.
2004
– Janeiro: A explosão popular se estende a todo o país. A Frente de Resistência contra Aristide conquista o controle de Gonaives, no norte, e marcha em direção à capital. Nas semanas seguintes, os rebeldes tomam várias cidades. Os EUA, a Organização dos Estados Americanos (OEA) e a UE tentam facilitar uma saída pacífica para a crise.
– 29 de fevereiro: Aristide abandona o país e é sucedido pelo presidente da Suprema Corte, Boniface Alexandre. O Conselho de Segurança da ONU autoriza o envio de uma força militar multinacional.
– 1º de março: Aristide chega à República Centro-Africana e denuncia ter sido seqüestrado e vítima de um golpe de Estado, alegações que EUA e França rejeitam.
– 3 de março: O presidente da Comunidade do Caribe (Caricom), Percival Patterson, duvida do abandono voluntário do poder por parte de Aristide. Cuba, Venezuela e África do Sul falam de ingerência americana.
– 9 de março: Gérard Latortue é eleito primeiro-ministro.
– 30 de abril: O Conselho de Segurança da ONU cria uma missão de paz de 6700 soldados e 1622 policiais civis.
– 1º de junho: É estabelecida a Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah), com efetivos de 23 países. O Brasil comandaria as operações militares da Minustah.
– 12 de julho: O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, nomeia o chileno Juan Gabriel Valdés seu representante especial e chefe da missão.
– 20 de setembro: A tempestade tropical Jeanne deixa 2500 vítimas, entre mortos e desaparecidos.
– 29 de novembro: A ONU prorroga a missão por seis meses, até 1º de junho de 2005.
2005
– 26 de fevereiro: 12 mortos em diferentes bairros de Porto Príncipe em ataques dos "chimères", grupos armados formados por partidários de Aristide.
– 21 de março: Morrem os dois primeiros capacetes azuis.
– 9 de abril: O autoproclamado comandante dos ex-militares haitianos Ravix Rémissainthe e três de seus partidários morrem em confronto com os capacetes azuis e policiais locais.
– 18 de abril: Morrem 20 rebeldes em confrontos com os capacetes azuis e a polícia, na tentativa de capturar o líder rebelde "Dread Wilmé".
– 5 de junho: Pelo menos 25 pessoas morrem em confrontos entre partidários de Aristide e a polícia em Porto Príncipe.
– 22 de junho: O Conselho de Segurança da ONU prorroga até 15 de fevereiro de 2006 o mandato da missão Minustah.
– 7 de novembro: Renuncia o comitê de apoio ao Conselho Eleitoral Provisório (CEP) do Haiti, "grupo de sábios", criado no mês anterior.
– 12 de dezembro: O presidente da República Dominicana, Leonel Fernández, se vê obrigado a encurtar sua visita ao Haiti devido aos protestos contra sua presença.
– 20 de dezembro: Morre um policial canadense em um tiroteio no conflituoso bairro de Cité Soleil, na capital. Continuam a violência e os seqüestros.
– 24 de dezembro: Morre um soldado jordaniano da Minustah atingido por disparos quando fazia patrulhamento.
– 30 de dezembro: Suspensas pela quarta vez no ano as eleições presidenciais e legislativas que deveriam ter sido realizadas em 8 de janeiro.
2006
– 7 de janeiro: Aparece morto, com um tiro na cabeça no quarto de seu hotel, o general brasileiro Augusto Heleno Ribeiro, chefe militar da Minustah.
– 8 de janeiro: O governo haitiano marca as eleições presidenciais e legislativas para 7 de fevereiro.
– 12 de janeiro: Uma pessoa morre na fronteira com a República Dominicana durante os protestos contra a morte de 25 haitianos no país vizinho.
– 17 de janeiro: Dois capacetes azuis jordanianos morrem em confrontos com grupos armados. Com estas baixas, as forças da Minustah somam dez mortos.
– 23 de janeiro: O general brasileiro José Elito Carvalho de Siqueira assume o cargo de comandante-em-chefe das tropas da ONU no país.
– 27 de janeiro: Libertados três franceses, dentre eles uma freira, poucas horas depois de terem sido seqüestrados no país. (EFE)