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"Queimar bandeira de Israel é queimar a própria tolerância"

Amrita Cheema jps
12 de dezembro de 2017

Em entrevista à DW, embaixador israelense na Alemanha condena queima de símbolos do seu país em Berlim e afirma que gestos assim não contribuem para a paz. "Não vamos alcançar nada por meio do confronto", diz.

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Jeremy Issacharoff
Jeremy Issacharoff é embaixador na Alemanha desde agosto deste anoFoto: DW/J. Röhl

A queima de bandeiras de Israel em manifestações pró-palestinos em Berlim no último fim de semana desencadeou uma onda de repúdio na Alemanha. Em entrevista à DW, o atual embaixador de Israel no país europeu, Jeremy Issacharoff, disse ter ficado triste com os episódios, mas acreditar que eles não são representativos da população do país.

Issacharoff assumiu o posto em Berlim no final de agosto deste ano. Ele também desempenhou a função de vice-diretor-geral do Ministério das Relações Exteriores de Israel entre 2014 e 2017.

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Na entrevista, ele expressou sua visão sobre a decisão dos EUA de reconhecer Jerusalém como capital de Israel. O diplomata também disse que seu país precisa chegar a um acordo de paz com os palestinos nos mesmos moldes daquele acertado com os egípcios no final dos anos 1970.

DW: Pessoas queimaram a bandeira de Israel em frente ao Portão de Brandemburgo, em pleno coração de Berlim. Como você se sente diante de algo assim?

Jeremy Issacharoff: Me entristece ver algo assim em Berlim, uma cidade que me recebeu calorosamente quase quatro meses atrás. Estou certo que isso não é representativo do governo e da população alemã como um tudo. Acredito que são elementos marginais da sociedade que querem martelar em uma tecla. Não é que eles discordem da política israelense, eles simplesmente não concordam com o fato de que Israel tem uma posição. Nesse sentido, queimar a bandeira é como queimar a própria integridade e a própria tolerância. E isso precisa ser veementemente condenado.

A queima da bandeira foi recriminada na Alemanha e mundo afora. Agora vamos falar da posição israelense. Alemanha e Israel mantêm um relacionamento muito próximo. No entanto, a chanceler federal Angela Merkel é contra a decisão de Donald Trump de reconhecer Jerusalém como capital de Israel. Você ficou desapontando?

Eu posso falar pelo governo israelense quando digo que qualquer acordo entre Israel e os palestinos vai ter, no final de contas, Jerusalém como a capital israelense.

No caso, uma cidade não dividida como capital de Israel?

Jerusalém é a capital de Israel. O primeiro-ministro disse que vamos continuar tentando alcançar a paz com todos os nossos vizinhos árabes, inclusive os palestinos. E não vai haver mudanças na política atual de liberdade de acesso aos locais sagrados em Jerusalém.

Mas não há nenhum sinal de paz no horizonte nesse momento. Israel aceitaria uma solução com Jerusalém Oriental como capital dos palestinos?

Sou de Jerusalém. Jerusalém é minha cidade natal. Vivi lá por muitos anos, minha família vive lá há muitas gerações. Eu conheci, em diversos momentos, uma Jerusalém em que judeus e árabes viviam lado a lado de maneira pacifica. Deveríamos reconhecer que há muito mais potencial para a convivência nessa cidade. E eu continuo acreditanto que Jerusalém é uma cidade espiritual, uma cidade da serenidade, tranquilidade, espiritualidade. E eu acredito que as pessoas vão eventualmente encontrar um jeito de chegar a um entendimento. Mas isso não será possível queimando bandeiras e não tolerando a posição do outro. 

O senhor disse que Jerusalém é uma cidade espiritual. Mas também é uma cidade espiritual também para os muçulmanos. Você consegue entender o desespero e frustração deles diante da decisão de que a cidade é apenas a capital de Israel?

Eu entendo que todas as religiões, inclusive o cristianismo e o islã, são bastante sensíveis em relação a Jerusalém. É por isso que por décadas Israel vem protegendo a liberdade de religião e de acesso a todos os locais sagrados. Aquilo que esperamos dos outros também esperamos de nós mesmos. Nesse sentido, nós reconhecemos diariamente as sensibilidades de todos os habitantes. Durante o Ramadã, dezenas de milhares se dirigem à mesquita sem qualquer impedimento e com o apoio das autoridades israelenses. Nós fazemos tudo ao nosso alcance para proteger a prática da religião. Em relação à política, as pessoas precisam se sentar e se dar conta de que Israel é a pátria do povo judeu, assim como dos palestinos. Nós temos que achar encontrar um jeito de nos sentarmos à mesa e chegarmos a um entendimento.

O senhor acha que a decisão de Trump é contraproducente?

O anúncio feito pelo presidente Trump é um símbolo da política americana para um aspecto particular do acordo de paz. O anúncio certamente é importante, e eu não vou diminuí-lo. De maneira alguma ele está tentando – e essas são as palavras dele – comprometer um acordo final entre os dois lados. Nós precisamos diminuir a temperatura e as emoções no Oriente Médio. Não vamos alcançar nada por meio do confronto. Nós já experimentamos o confronto há décadas. Precisamos fazer agora o que já fizemos com os egípcios, os jordanianos e até mesmo com os palestinos: sentarmos-nos à mesa e tentar procurar soluções políticas. Quarenta anos atrás, nós alcançamos a paz graças à liderança corajosa do presidente egípcio Sadat e do primeiro-ministro Begin. A paz perdurou por esses 40 anos e se tornou um fator estratégico.

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