Terrorismo
5 de janeiro de 2007Uma semana após o atentado no aeroporto de Madri, foram encontrados os corpos dos dois homens desaparecidos. As explosões, que provocaram o desabamento de um edifício de estacionamento, deixaram também 26 pessoas feridas.
Os corpos dos equatorianos de 35 e 19 anos de idade foram encontrados, respectivamente nesta quarta e quinta-feira (04-05/01), por uma câmera miniatura, sob os escombros do edifício-garagem. Foram as primeiras mortes provocadas por atentados da ETA desde 2003.
Após o anúncio de suspensão das negociações de paz, o premiê José Luis Zapatero reiterou sua decisão de dar um fim à violência terrorista na Espanha. Na opinião de especialista, o inesperado atentado mostra indícios de divisões internas dentro da organização separatista Pátria Basca e Liberdade (ETA).
Prova de fogo
Zapatero reconhece que as novas atividades da ETA representam uma dura prova política para seu governo. Desde o atentado do último sábado, o governo suspendera as negociações de paz com a organização clandestina.
Após visitar o local do atentado, nesta quinta-feira, Zapatero declarou, no entanto, estar "mais decidido que nunca a dar um fim à violência e conseguir a paz".
O premiê fora duramente criticado pela oposição conservadora por sua reação tardia e por ter visitado o local do atentado somente cinco dias após as explosões. Acredita-se que as negociações de paz deverão continuar suspensas pelo menos até as eleições parlamentares no começo do ano que vem.
Mais explosivos
Pouco após a visita do primeiro-ministro ao aeroporto de Madri, a polícia encontrou cerca de 90 quilos de explosivos em um carro abandonado na localidade basca de Atxondo. Os explosivos estavam prontos para detonar, faltando somente o detonador.
Acredita-se que o carro foi abandonado pela ETA após a localização de um esconderijo do grupo, onde se encontrarams detonadores e outros 50 quilos de explosivos.
A procuradoria-geral espanhola proibiu o porta-voz da ETA, Arnaldo Otegi, de deixar o país. Otegi deveria participar da Conferência Rosa Luxemburgo, na próxima semana em Berlim. A ETA já se bate há quatro décadas pela independência do País Basco. Desde então, mais de 800 pessoas morreram nesta luta.
Sinais de divisão
Para o especialista Joachim Krause, diretor dos institutos de Ciência Política e de Política de Segurança da Universidade de Kiel, o inesperado atentado da ETA é um indicador de querelas dentro da organização clandestina.
Fazia três semanas apenas que a ETA havia concordado em iniciar as negociações de paz com o governo espanhol. Existe, com certeza, uma facção dentro da ETA que tenta interromper este processo de paz, informou Krause em entrevista à DW-WORLD.
O Partido Batasuna, braço político da ETA, não assumiu nenhuma responsabilidade pelas explosões. Krause afirma que isto não significaria, necessariamente, desavenças entre o grupo e o Batasuna. O partido já teria agido da mesma forma quanto a atentados da ETA no passado.
Dentro da ETA, não existiriam somente desavenças com seu partido político, mas também entre diferentes facções. Fato é que, nos últimos anos, nota-se um enfraquecimento da organização clandestina, cuja política não é bem aceita pela nova geração de jovens bascos, afirmou Krause.