Qual a diferença entre lágrimas de alegria e de tristeza?
11 de julho de 2016Não adianta tentar adivinhar rapidamente se alguém chora de alegria ou de tristeza, de esperança ou simplesmente por causa de uma cebola cortada. Num rosto em prantos é tudo muito parecido. Mas não se engane: de bem perto, as lágrimas não são iguais.
Essa constatação foi feita pela fotógrafa Rose-Lynn Fisher. Em 2013 ela fez fotografias microscópicas de uma centena de lágrimas diferentes e chegou à conclusão de que, dependendo do motivo do choro, a lágrima tem uma estrutura diferente. A experiência resultou no ensaio fotográfico "Topografia das Lágrimas".
No exemplo abaixo, imagens de lágrimas por luto, por mudanças, ao cortar cebolas e rir.
Motivos não faltam
Por que choramos? Essa pergunta de muitas respostas talvez seja antropológica e científica ao mesmo tempo. Acredita-se que, na linha evolutiva, os seres humanos tenham aprendido a chorar porque, num determinado estágio evolutivo, a fala ainda não era tão desenvolvida, mesmo na idade adulta. Éramos como um bebê, que desaba em lágrimas pela impossibilidade de dizer o que realmente sente ou quer.
Na sociedade atual, as pessoas choram por inúmeros outros motivos: raiva, rancor, recordações, depressão ou uma alegria que não cabe no corpo. Há também o choro simulado de um ator, ou de alguém que quer chamar a atenção e despertar solidariedade ou pena.
Função lubrificante
Apesar de as lágrimas mais comuns serem as do tipo emocional, há ainda dois outros tipos, com funções bem distintas. As do tipo basal lubrificam os olhos. E, quando cai um cisco no olho, são as reflexivas que ajudam a limpar o local irritado e livrá-lo da sujeira.
Do ponto de vista biológico, não há qualquer diferença significativa entre o que cai de uma cara de tristeza, de irritação ou de alegria. São só gotas produzidas pela grândula lacrimal, com quantidades particulares de substâncias do nosso organismo. A aparência microscópica de cada uma, porém, varia, como demonstrou o trabalho de Fisher.
Composição química
Lágrimas são feitas de água, sais mineirais, proteínas, anticorpos, enzimas e gordura. Quando fabricadas em excesso pelo corpo, acabam drenadas pelo nariz. Nesse caso, somos às vezes forçados a pedir um lenço emprestado.
Se não há lenço nem ninguém por perto, não importa. Sentimentos, alertam especialistas, não podem ser poemas presos. O choro é uma forma orgânica de, sem palavras, libertá-los, sejam eles bons, sejam ruins.
Então, não se preocupe em expressar de vez em quando, no rosto, um atlas do que você guarda dentro de si. É bonito, é único e é sinal de que a saúde vai bem.