Putin quer auxiliar Egito a construir primeira usina nuclear
10 de fevereiro de 2015O Egito pretende construir sua primeira usina nuclear com apoio da Rússia. Como anunciou nesta terça-feira (10/02) o chefe de Estado Abdel Fattah al-Sisi, uma declaração de intenção nesse sentido foi assinada durante a visita ao Cairo do presidente russo, Vladimir Putin. Os dois países já mantêm desde 2001 um acordo de cooperação para utilização pacífica da energia atômica.
A nova unidade, a ser construída na região de Dabaa, no norte do país, será ultramoderna, com quatro blocos de reatores e uma capacidade de 1.200 megawatts. Serguei Kiriyenko, diretor-geral da agência federal russa de energia atômica Rosatom, confirmou que seu país concederá créditos para o projeto.
Signatário do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, o Egito desenvolve seu programa atômico civil desde os anos 1970. No início da década seguinte, Dabaa já era cogitada como possível local da primeira usina nuclear egípcia. No entanto após a catástrofe nuclear de Tchernobil, em 1986, os planos foram congelados.
Interesses militares e estocada no Ocidente
Durante a entrevista conjunta à imprensa, no palácio presidencial, Sisi igualmente anunciou a intenção de intensificar a cooperação militar bilateral. Não foi mencionado se esta incluiria o fornecimento de armamentos. Observadores partem do princípio que não será o caso. Os dois Estados também planejam colaborar no combate ao terrorismo.
Durante o encontro, Putin entregou a seu Sisi, que é general e já foi chefe do serviço secreto egípcio, um fuzil kalashnikov como presente de peso simbólico. O governo no Cairo demonstra grande interesse no equipamento bélico russo, incluindo sistemas de defesa antiaérea e mísseis antitanques.
Nas últimas décadas, o Egito era parceiro próximo dos Estados Unidos. Mas após a derrubada do presidente fundamentalista islâmico Mohammed Morsi, em 2013, pelos militares, Washington reduziu sua ajuda militar ao país, até então de 1,3 bilhão de dólares anuais. A partir daí, Cairo tem buscado a aproximação com Moscou. Depois da visita de Sisi à cidade russa de Sochi no verão de 2014, este é o segundo encontro dos dois chefes de Estado.
O chefe do Kremlin também aproveitou a ocasião para, a partir do norte da África, enviar mensagens ao Ocidente, que vem isolando crescentemente a Rússia devido a sua política para a Ucrânia.
Numa entrevista ao jornal Al-Ahram, na segunda-feira, ele criticou o procedimento da aliança antiterrorismo liderada pelos EUA no Oriente Médio. Somente devido a "uma grosseira e irresponsável intervenção de fora", a situação no Iraque e na Síria teria atingido o atual estado, afirmou Putin.
AV/afp/dpa