Proteína de vampiros contra derrame
8 de fevereiro de 2003A natureza serviu de inspiração. O morcego-vampiro Desmodus rotundus, que habita as regiões tropicais das Américas do Sul e Central, tem em sua saliva uma poderosa substância anticoagulante que lhe permite dedicar-se com toda a calma às suas refeições. Ao morder um animal, a proteína impede a coagulação do sangue, que continua a correr o tempo que for necessário para o morcego se alimentar.
Desmoteplase (DSPA) é o nome dessa proteína que destrói a fibrina, substância produzida durante a coagulação sangüínea. Em estudos realizados com camundongos, cientistas australianos já constataram os efeitos positivos da desmoteplase: a proteína acaba com os coágulos sem causar destruição de tecidos cerebrais.
Estudos clínicos
O grande passo dado pelo laboratório biofarmacêutico Paion, sediado em Aachen, foi a produção de desmoteplase com auxílio da engenharia genética. O produto já está sendo testado em pacientes humanos na Europa, Ásia e Austrália. A introdução no mercado está prevista para 2006, em cooperação com um parceiro de atuação internacional que se responsabilizaria pela comercialização.
A DSPA tem grandes vantagens em relação à única droga atualmente utilizada no tratamento de derrames, o ativador plasminogênico do tecido (rt-PA), que só pode ser dado ao paciente até três horas após o derrame isquêmico, provocado por coágulos do sangue. Depois disso, o risco de sangramento no cérebro aumenta. Nos testes, a DSPA vem demonstrando eficácia até nove horas após o derrame, sem riscos adicionais para o cérebro.
É grande a esperança de que a substância dê início a uma nova era no tratamento dos derrames, a terceira principal causa de morte no mundo.