Projeto
29 de março de 2009Embora 1989, o ano da queda do Muro de Berlim, seja absolutamente relevante para a história alemã, apenas 14 ou 15 jovens – entre os 240 entrevistados pelo diretor Thierry Bruehl para o projeto de um filme – lembravam-se do acontecimento histórico ocorrido naquele ano.
As razões disso são claras para o diretor: por um lado, história não é assunto de interesse para várias famílias; por outro, os tipos de escolas alemãs que não preveem o ingresso dos alunos numa universidade (Hauptschule e Realschule) deixam muito a desejar. "Esses jovens são vistos basicamente como consumidores e não necessariamente como cidadãos autônomos e emancipados", analisa Bruehl.
E agora?
Em poucos anos, no entanto, serão exatamente esses jovens que também definirão a vida política do país. A ideia do cineasta era fazer com que, através do projeto pouco inusitado de um filme, esses jovens que não se interessam pela política entendessem a importância da história do seu país para a sociedade em que vivem.
Bruehl intitulou seu projeto Und jetzt? – Wozu brauchen wir Geschichte? (E agora? Para que precisamos da história?) e reuniu, para executá-lo, 13 jovens de vários cantos do país: garotos e garotas que vivem em regiões carentes e, em sua maioria, são descendentes de imigrantes. A trupe é, segundo Bruehl, "nada mais que um simples reflexo da nossa sociedade".
O projeto, financiado pela Central Federal para Formação Política, um órgão governamental, previa a realização de um filme-videoclipe de 10 minutos. Para isso, os jovens tiveram que se debruçar sobre dados essenciais para a história do país, como a fundação da República de Weimar, passando pela Segunda Guerra Mundial e pela promulgação da atual Constituição alemã até chegar à queda do Muro de Berlim.
Aproximação lúdica
Em entrevistas, os jovens contaram frente à câmera o que associam com os anos de 1919, 1939, 1949 e 1989. Imagens de arquivo foram usadas na edição, como referência imediata aos anos em questão, mas os participantes do projeto também puderam encenar determinados momentos históricos, encarnando tanto uma população revoltosa, quanto a crueldade dos nazistas ou o sofrimento dos judeus no "Terceiro Reich", obrigados a carregarem em suas roupas a estrela de David. Cada ator, segundo Bruehl, representou frente à câmera os temas históricos de forma distinta: seja através do rap, do breakdance, do canto ou da poetry slam.
A ligação entre a história e a realidade cotidiana desses jovens surgiu, assim, incidentalmente. "No 'Terceiro Reich', diz Eddy, um dos participantes, "dominava realmente o racismo. Para nós, estrangeiros, teria sido difícil naquele tempo. E é preciso aprender com os erros, pois sem história não há futuro", completa o jovem de 18 anos.
Aguçando a curiosidade
Huong Luong Thi, de 16 anos, vem do Vietnã e vive há nove anos na Alemanha. Embora goste de estudar, há muitos aspectos históricos sobre os quais ela tem somente uma ideia vaga. O projeto desse filme, no caso, serviu apenas para dar um primeiro empurrão.
O ideal seria, espera Bruehl, que esse interesse seja despertado também entre muitos outros jovens quando o vídeo de 10 minutos estiver disponível na internet, no cinema e em canais de televisão voltados para música. E possa ser visto por outros adolescentes que vivem na Alemanha, mas pouco sabem sobre a história do país.
Autor: Silke Bartlick
Revisão: Alexandre Schossler