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Procuradoria francesa acusa atirador de trem de terrorismo

25 de agosto de 2015

Marroquino será denunciado por tentativa de homicídio com intenção terrorista. Investigação indica que ele assistiu a vídeos extremistas minutos antes de atacar passageiros em trem de alta velocidade.

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Schüsse im Thalys
Foto: PHILIPPE HUGUEN/AFP/Getty Images

O atirador que atacou os passageiros em um trem de alta velocidade que viajava de Amsterdã a Paris será acusado de tentativa de homicídio com intenção terrorista, anunciou nesta terça-feira (25/08) o procurador da República François Molins.

De acordo com o procurador, Ayoub el-Qahzzani, de 25 anos, assistiu a vídeos de extremistas islâmicos em seu celular minutos antes de caminhar pelo trem armado com um fuzil kalashnikov, uma pistola e uma faca.

"Já no trem, Ayoub el-Qahzzani escutou arquivos de áudio no Youtube, no qual um indivíduo chama fiéis para lutar e pegar em armas em nome do Profeta", afirmou Molins.

Na sexta-feira, Qahzzani embarcou no trem de alta-velocidade em uma estação de Bruxelas e atacou os passageiros, até ser dominado por três americanos e um britânico que viajam no mesmo vagão. Três pessoas ficaram feridas no atentando. Uma, atingida por um tiro, permanece internada.

Os investigadores descobriram que o marroquino chegou à Europa no dia 4 de junho, em um voo que saiu de Antioquia, na Turquia, com destino a Tirana, na Albânia. Durante o interrogatório, Qahzzani negou ter viajado para a Turquia.

Autoridades acreditam que o atirador esteve na Síria, onde uma grande parte do país está sob controle de extremistas islâmicos.

Frankreich Staatsanwalt Francois Molins in Paris
Molis deu detalhes sobre investigaçãoFoto: M. Medina/AFP/Getty Images

Qahzzani também negou a intenção de promover um ataque terrorista. À polícia, o marroquino afirmou que encontrou um saco de armas em um parque em Bruxelas e planejava usá-las para roubar os passageiros do trem, porque ele estava com fome.

No entanto, quando os investigadores disseram que as explicações pareciam absurdas, Qahzzani parou de falar. Na bagagem do marroquino, a polícia encontrou ainda um rifle, 270 cartuchos de munição, uma pistola 9 milímetros, um estilete e uma garrafa de gasolina.

Primeira classe

Os procuradores também consideram suspeito o fato de Qahzzani ter comprado uma passagem de primeira classe, que custa em torno de 150 euros, pois o marroquino alegou que dormia em um parque em Bruxelas no dias anteriores ao ataque.

Os vendedores da estação disseram à polícia que Qahzzani pagou pelo bilhete em dinheiro e se recusou a pegar um trem mais cedo que era mais barato. "Parece ter sido um projeto premeditado e direcionado", afirmou Molins.

Na Bélgica, a polícia revistou na segunda-feira dois apartamentos e confiscou evidências que podem contribuir na investigação.

De acordo com Molins, Qahzzani, que viveu na Espanha por sete anos, atraiu a atenção das autoridades espanholas em fevereiro de 2014, por suas conexões com o extremismo islâmico, além de estar envolvido no tráfico de drogas.

Seu pai contou que ele foi para a França para trabalhar em uma operadora de celular, onde permaneceu por dois meses, no início do ano passado. Qahzzani, porém, não pode continuar no emprego, pois não tinha os papeis necessários para trabalhar legalmente no país.

Fontes da inteligência francesa disseram à agência de notícias AFP que o marroquino passou a ser observado em maio, após autoridades alemãs alertarem que ele havia embarcado para a Turquia e poderia ter ido, na verdade, para a Síria.

CN/afp/rtr/lusa