Primeiro doping da história das paraolimpíadas de inverno abala Alemanha
13 de março de 2002Realizado após a vitória de Oelsner no biatlo de 7,5 km na sexta-feira, o teste acusou presença significativa do anabolizante esteróide metenolona. O esquiador alemão, que tem paralisia no braço esquerdo, também já faturara ouro na prova de 5 km de cross country no domingo e ainda iria disputar nesta terça os 10 km.
Boquiaberta
– O flagrante deixou a Alemanha em estado de choque. O golpe foi duramente sentido no país. Afinal, a imprensa, dirigentes e atletas esportivos alemães haviam defendido rigorosamente a justeza das punições empreendidas pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) na recente Olimpíada de Inverno contra russos, entre outros.E mais do que isto. Não só suspiraram aliviados, como baixaram a lenha no alemão naturalizado espanhol Johann Mühlegg, que ganhara três medalhas de ouro e acabou flagrado com doping em sua última conquista. "Felizmente não temos mais tipos como este em nosso time" foi frase comum na boca dos críticos alemães.
De pedra a vidraça
– O próprio Oelsner condenara drasticamente a conduta de seu ex-colega de equipe. "Se eu soubesse que aquele à minha frente, no alto do pódio, estava dopado, eu teria quebrado a cara dele", afirmou o esquiador, apenas dois dias antes de se juntar a Mühlegg no rol dos dopados.O doping de Oelsner faz agora a Alemanha morder a língua. Até mesmo o chanceler federal Gerhard Schröder foi imediatamente avisado da "tragédia nacional". Todos, no entanto, defendem a inocência do esquiador alemão, a começar pelo próprio. "Eu realmente não posso imaginar que esta acusação seja verdade. Eu nunca estimulei meu desempenho com medicamentos", garante o atleta, em comunicado à imprensa.
Declarações
– "Estou 110% convicto de que ele não fez nada proibido. Este ouro não vale nada para mim. No fundo do coração, continuo sendo o vencedor da medalha de prata", afirma o também alemão Josef Giesen, amputado de um braço, promovido a campeão olímpico no biatlo após a desqualificação de Oelsner.O médico da delegação alemã, Andreas Schmid, não ousa negar o doping, mas procura uma explicação para o resultado negativo no segundo exame antidoping de Oelsner, realizado no domingo, após a vitória no cross country. "Com grande probabilidade, foi uma dose única, o que, no entanto, não causa aumento de potência. Por isto, seria leviano tomar este preparado antes da competição. Thomas seria presa fácil no exame", pondera Schmid.
"Vamos usar todos os meios e caminhos para provar a inocência de Oelsner", promete Karl Quade, chefe da delegação alemã, que, apesar da desclassificação do primeiro dopado em paraolimpíadas de inverno, segue soberana à frente no quadro de medalhas dos Jogos de Salt Lake City, com 12 de ouro, uma de prata e dez de bronze.