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Primeiro doping da história das paraolimpíadas de inverno abala Alemanha

Marcio Weichert13 de março de 2002

Exame de esquiador alemão dá positivo. Na delegação alemã, não se acredita em culpa. Bicampeão paraolímpico tem de devolver medalhas, mas Alemanha segue à frente na classificação geral em Salt Lake City.

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Oelsner venceu a prova do biatlo no esqui nórdico, mas teve de devolver a medalha de ouroFoto: AP
O alemão Thomas Oelsner entrou, nesta terça-feira, para os anais dos Jogos Paraolímpicos de Inverno como o primeiro atleta da história a ter um exame positivo de doping. Assim, o atleta teve de devolver as duas medalhas de ouro já conquistadas em Salt Lake City e deixar a Vila Olímpica com sua reputação arrasada. Além disto, está suspenso por dois anos.

Realizado após a vitória de Oelsner no biatlo de 7,5 km na sexta-feira, o teste acusou presença significativa do anabolizante esteróide metenolona. O esquiador alemão, que tem paralisia no braço esquerdo, também já faturara ouro na prova de 5 km de cross country no domingo e ainda iria disputar nesta terça os 10 km.

Boquiaberta

– O flagrante deixou a Alemanha em estado de choque. O golpe foi duramente sentido no país. Afinal, a imprensa, dirigentes e atletas esportivos alemães haviam defendido rigorosamente a justeza das punições empreendidas pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) na recente Olimpíada de Inverno contra russos, entre outros.

E mais do que isto. Não só suspiraram aliviados, como baixaram a lenha no alemão naturalizado espanhol Johann Mühlegg, que ganhara três medalhas de ouro e acabou flagrado com doping em sua última conquista. "Felizmente não temos mais tipos como este em nosso time" foi frase comum na boca dos críticos alemães.

De pedra a vidraça

– O próprio Oelsner condenara drasticamente a conduta de seu ex-colega de equipe. "Se eu soubesse que aquele à minha frente, no alto do pódio, estava dopado, eu teria quebrado a cara dele", afirmou o esquiador, apenas dois dias antes de se juntar a Mühlegg no rol dos dopados.

O doping de Oelsner faz agora a Alemanha morder a língua. Até mesmo o chanceler federal Gerhard Schröder foi imediatamente avisado da "tragédia nacional". Todos, no entanto, defendem a inocência do esquiador alemão, a começar pelo próprio. "Eu realmente não posso imaginar que esta acusação seja verdade. Eu nunca estimulei meu desempenho com medicamentos", garante o atleta, em comunicado à imprensa.

Declarações

– "Estou 110% convicto de que ele não fez nada proibido. Este ouro não vale nada para mim. No fundo do coração, continuo sendo o vencedor da medalha de prata", afirma o também alemão Josef Giesen, amputado de um braço, promovido a campeão olímpico no biatlo após a desqualificação de Oelsner.

O médico da delegação alemã, Andreas Schmid, não ousa negar o doping, mas procura uma explicação para o resultado negativo no segundo exame antidoping de Oelsner, realizado no domingo, após a vitória no cross country. "Com grande probabilidade, foi uma dose única, o que, no entanto, não causa aumento de potência. Por isto, seria leviano tomar este preparado antes da competição. Thomas seria presa fácil no exame", pondera Schmid.

"Vamos usar todos os meios e caminhos para provar a inocência de Oelsner", promete Karl Quade, chefe da delegação alemã, que, apesar da desclassificação do primeiro dopado em paraolimpíadas de inverno, segue soberana à frente no quadro de medalhas dos Jogos de Salt Lake City, com 12 de ouro, uma de prata e dez de bronze.