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Cientistas anunciam 1ª gravidez por FIV em rinocerontes

24 de janeiro de 2024

Cientistas conseguiram transferir com sucesso um embrião do paquiderme para uma mãe de aluguel. Marco científico pode ser a salvação do rinoceronte-branco-do-norte, que conta hoje com apenas dois exemplares no mundo.

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Embrião de rinoceronte-branco-do-sul na palma de uma mão usando luva de borracha.
Para o experimento, foi utilizado um embrião de rinoceronte-branco-do-sul Foto: Steven Seet

Com apenas dois exemplares vivos de sua espécie – duas fêmeas estéreis –, a extinção do rinoceronte-branco-do-norte já era dada praticamente como certa. Não mais: uma equipe de cientistas internacionais conseguiu implantar numa mãe de aluguel um embrião de rinoceronte criado através de fertilização in vitro. O experimento pode ser a salvação da espécie.

Essa foi a primeira transferência bem-sucedida de embrião para uma mãe de aluguel feita em paquidermes, explicaram os participantes do programa científico BioRescue ao apresentar os resultados nesta quarta-feira (24/01) em Berlim.

"Juntos alcançamos algo que jamais imaginamos ser possível", disse o veterinário e líder de projeto Thomas Hildebrandt. A ciência, segundo ele, está agora muito mais perto "do sonho de criar uma população saudável e geneticamente estável de rinocerontes-brancos-do-norte".

Apontada pelos pesquisadores como um "avanço científico", a transferência de embriões tem o potencial de preservar também outras espécies ameaçadas.

Testes iniciais com subespécie do sul

O embrião foi criado num laboratório de reprodução italiano através de fertilização in vitro e inserido em uma mãe de aluguel no Quênia em setembro do ano passado.

A gravidez foi bem-sucedida, mas a rinoceronte grávida acabou morrendo em decorrência de uma infecção – e, com ela, o feto de 70 dias. "Ainda estava muito longe do nascimento, por isso não pôde ser salvo", disse Susanne Holtze, do Instituto Leibniz de Pesquisa em Zoológicos e Vida Selvagem (IZW), responsável pelo projeto. A gestação completa de rinocerontes dura cerca de 16 meses.

Embora o embrião fosse de um rinoceronte-branco-do-sul, relativamente mais comum, o mesmo método poderá ser usado no futuro para produzir espécimes da subespécie do norte, anunciaram os pesquisadores.

A estratégia de testar o método primeiramente na subespécie do sul busca salvar os valiosos embriões da subespécie do norte para experiências posteriores, que devem acontecer numa próxima etapa.

Pesquisadores realizam transferência de embriões em Curra, rinoceronte-branca-do-sul
Curra, rinoceronte-branca-do-sul, recebeu a transferência de embriões Foto: Jan Zwilling

Uma espécie em vias de extinção

O rinoceronte-branco-do-norte é considerado o mamífero de grande porte mais raro do mundo, com apenas dois exemplares remanescentes – duas fêmeas estéreis, de 23 e 33 anos, que vivem no Quênia. Considerando a expectativa de vida entre 40 e 45 anos, pode-se dizer que o fim da subespécie está muito próximo.

Isso se os pesquisadores não tivessem salvado espermatozoides de espécimes masculinos, usados então para fertilizar os óvulos das fêmeas mais jovens. A ideia do projeto é que os embriões resultantes sejam posteriormente gestados por uma mãe de aluguel da subespécie do sul.

A previsão é que esta nova fase comece em maio ou junho deste ano, disse Hildebrandt. Para isso, foram gerados 30 embriões de rinoceronte-branco-do-norte, que estão congelados desde 2019. No entanto, ainda pode levar anos até um nascimento bem-sucedido.

Se e quando isso acontecer, o plano é que os jovens animais sejam levados para perto das duas fêmeas de rinocerontes restantes, Najin e Fatu, na reserva Ol Pejeta, no Quênia, onde elas são cuidadas e monitoradas dia e noite.

ip/le (dpa, ots)