Premiê culpa hospital por surto de coronavírus na Itália
25 de fevereiro de 2020Autoridades italianas informaram nesta terça-feira (25/02) que foram diagnosticadas infecções pelo novo coronavírus na Sicília, sendo o primeiro caso ao sul de Roma, e na Toscana, enquanto o país luta para impedir que o surto se espalhe desde sua origem, nas regiões da Lombardia e do Vêneto, no norte.
O governador regional da Sicília, Nello Musumeci, disse que uma turista de Bergamo, na Lombardia, havia sido hospitalizada na capital da ilha, Palermo, após ser diagnosticada com a doença, e que todos os que viajavam com ela estavam em quarentena. A Toscana reportou seus dois primeiros casos, incluindo um na turística cidade de Florença.
O número de casos na Itália, o país da Europa mais afetado, já passa de 320. Na segunda-feira, eram 229 casos. Com quatro novas mortes anunciadas nesta terça-feira, o número de vítimas no país chegou a 11.
Na noite de segunda-feira, o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, criticou as autoridades da Lombardia, sugerindo que negligência em um hospital na região pode ter dado impulso ao surto.
Conte acusou um hospital, que ele não nomeou, de não seguir o protocolo correto e disse que "isso contribuiu para a propagação", acrescentando que ele pode considerar retirar alguns dos poderes de governos regionais sobre a política de saúde.
Um hospital da cidade de Codogno, que está sob quarentena, tratou um paciente de 38 anos infectado com o vírus. Sob suspeita de ser o "paciente zero" no país, esse homem teria contaminado outros pacientes, enfermeiros e médicos. A região da Lombardia acusou o governo italiano de ter fracassado no combate ao surto.
Várias cidades ao sul de Milão estão completamente isoladas. De acordo com a agência de notícias Ansa, o número de postos de controle foi aumentado na região, e militares estão ajudando na vigilância.
O partido nacionalista de direita Liga, que governa tanto a Lombardia como o Vêneto, e que é de oposição ao governo federal, reagiu com irritação ao comentário de Conte. O líder do partido na Câmara dos Deputados, Riccardo Molinari, acusou a fala de Conte de ser "quase fascista".
O governador da Lombardia, Attilio Fontana, acusou Conte de usar uma "estratégia de desespero, provavelmente tentando atacar outras pessoas para distrair a atenção [de si mesmo]".
Em Milão, capital da Lombardia, a famosa catedral da cidade foi fechada para visitantes, e em Veneza, o Carnaval foi encerrado mais cedo pela primeira vez em décadas. Companhias aéreas começaram a restringir voos para a Itália.
Funcionários da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da União Europeia (UE) têm agendado em Roma um encontro nesta terça-feira para discutir a crise, que começou na China e agora se espalhou para cerca de 29 outros países e territórios.
A Áustria confirmou nesta terça-feira os primeiros dois casos de Covid-19 no país. A informação foi divulgada pelo governador da província do Tirol, Günther Platter, que afirmou que uma das infecções tem conexões com a vizinha Itália. Os pacientes estão isolados numa clínica em Innsbruck.
A Croácia também reportou o primeiro caso de coronavírus nesta terça-feira. Segundo o governo croata, um paciente que viajou a Milão está isolado num hospital da capital, Zagreb.
A Suíça foi outro país a registrar seu primeiro caso do vírus. O paciente é um homem de 70 anos que esteve num evento numa cidade perto de Milão em meados de fevereiro. Ele foi isolado, e todos que tiveram contato com ele desde seu retorno da Itália passarão por exames.
Na Alemanha, um caso suspeito envolvendo uma pessoa que viajou à Lombardia havia sido reportado em Colônia, mas as autoridades disseram nesta terça-feira que não se trata do Covid-19. Até o momento, 16 casos foram confirmados no país.
Um hotel da ilha espanhola de Tenerife com mil hóspedes foi colocado sob quarentena depois da confirmação de um caso da doença, de acordo com a TV espanhola. A polícia está de guarda em frente ao hotel Adeje, no sudoeste dessa que é a maior das Ilhas Canárias, até que todos sejam testados, de acordo com o jornal El Mundo.
Anteriormente, um hóspede vindo da Lombardia, na Itália, tinha sido testado positivo para o vírus, segundo o Ministério da Saúde da Espanha. No país, outro caso foi confirmado em Barcelona, o primeiro em seu território continental. A infectada esteve recentemente na Itália.
No Irã, na luta contra a propagação do vírus, o governo do país pediu aos cidadãos que fiquem em casa. Nas últimas 24 horas, foram registradas 34 novas infecções, 16 delas somente na cidade de Kom. Segundo a agência de notícias Irna, as autoridades confirmaram também duas novas mortes. Um total de 16 pessoas morreram pela doença no Irã, e 95 estão infectadas.
A Coreia do Sul, por sua vez, anunciou exames em massa para detectar o vírus. Mais de 200 mil membros de uma seita, considerada um foco do surto no país, devem ser examinados. Com cerca de mil infecções, o país asiático registra o maior número de casos fora da China.
Ao todo, mais de 80 mil infecções e mais de 2.600 mortes já foram confirmadas em todo o mundo, sendo a maioria na China continental.
MD/dpa/rtr/ap
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