Big Brother Awards da Alemanha condenam computação em nuvem
14 de abril de 2012Trata-se de distinções de que os laureados bem que gostariam de poder abrir mão: os Big Brother Awards alemães condenam publicamente a gana de coletar dados do Estado, firmas e de jogos online. Concedidos desde 2000, também neste ano os "antiprêmios" tiveram na mira os políticos do país.
Entre os sete premiados anunciados nesta sexta-feira (13/04), na cidade de Bielefeld, estão um ministro e um secretário estadual do Interior, duas empresas de software e a assim chamada computação em nuvem (cloud computing, em inglês). O ministro alemão do Interior, Hans-Peter Friedrich, foi "premiado" pela instituição de um centro de ciberdefesa e de um arquivo centralizado que reúne dados relativos ao "extremismo de direita de tendência violenta".
Através desse arquivo, polícia, serviços secretos e, em parte, as Forças Armadas da Alemanha ficam conectadas em rede de forma problemática – divulgou-se durante a "cerimônia de gala" desta sexta-feira. A entrega dos Big Brother Awards é promovida pela Associação de Fomento à Móvel e Imóvel Circulação Pública de Dados (FoeBuD, na sigla alemã).
Comprometimento da privacidade
O secretário do Interior da Saxônia, Markus Ulbig, também mereceu a distinção pela averiguação de milhares de dados de telecomunicação, após uma manifestação contra neonazistas em Dresden, no leste do país.
Também foram premiados por desserviço à privacidade informática o desenvolvimento de aplicativos para espionagem de computadores, assim como as violações à proteção de dados em jogos online. A firma de congelados Bofrost recebeu um Big Brother por espionar um computador do conselho da empresa.
A computação em nuvem foi igualmente contemplada, sob a justificativa de que promove "a tendência de privar usuárias e usuários do controle sobre seus dados". A tecnologia saudada pelo setor de TI como "salvação da pátria" é considerada um terror pelos peritos em proteção de dados. Thilo Weichert, encarregado do estado de Schleswig-Holstein para o assunto, também considera a nuvem "uma grande zona cinzenta jurídica".
O prêmio negativo é entregue anualmente a firmas, organizações e pessoas que "de forma extrema e duradoura comprometem a privacidade, ou permitem a terceiros o acesso a dados pessoais". Nos últimos anos, os Big Brother Awards foram dedicados, entre outros, à rede social Facebook e à empresa Apple. Outros "felizardos" foram os então ministros Wolfgang Schäuble, do Interior, e Ursula von der Leyen, da pasta da Família, ambos democrata-cristãos.
AV/dpa/epd
Revisão: Luisa Frey