UE-Rússia
26 de maio de 2008Depois de um ano e meio de estagnação nas relações entre a União Européia (UE) e a Rússia, os ministros das Relações Exteriores da UE decidiram, nesta segunda-feira (26/05) em Bruxelas, retomar as negociações sobre um acordo de parceria com Moscou.
Os ministros europeus aprovaram por unanimidade um mandado de negociações com a Rússia, que deverão começar antes do próximo encontro de cúpula entre a União Européia e a Rússia, a se realizar na Sibéria, em 26 e 27 de junho próximo. Dimitri Medvedev, novo presidente russo, deverá participar pela primeira vez da cúpula.
O novo acordo de parceria deverá constituir uma espécie de tratado fundamental da cooperação política, econômica e cultural entre a UE e a Rússia. Nos anos anteriores, as negociações entre a UE e a Rússia foram prejudicadas devido ao bloqueio da Polônia e, posteriormente, da Lituânia.
Reconciliação de "conflitos latentes"
Além de ser um parceiro economicamente muito importante da UE, a Rússia é também um parceiro muito difícil. Cerca de 70% das importações que a União Européia faz do país pertencem ao ramo energético. De Moscou, a UE compra 44% da sua demanda de gás natural e 27% de petróleo.
No ano passado, o volume de negócios com a Rússia girou em torno de 200 bilhões de euros. Politicamente, a aliança com a Rússia é também essencial.
Como assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, a Rússia tem um papel fundamental na política de Relações Exteriores da União Européia. A Rússia é contra a independência do Kosovo e bloqueou, até agora, qualquer tentativa da UE de acirrar sanções contra o Irã.
Relações complicadas
A partir de 2004, as relações com a Rússia se complicaram com a entrada de antigos países do bloco oriental na União Européia. Devido a uma disputa na exportação de carne para a Rússia, a Polônia bloqueara a nova parceria com Moscou. Mas foi a retirada do veto da Lituânia, no último final de semana, que abriu o caminho para as negociações.
Como condição, no entanto, Vilnius exigiu uma declaração adicional de que a UE e a Rússia negociarão a reabertura de um oleoduto que abastece a Lituânia, como também a perseguição de crimes do regime soviético e, em alusão às relações entre a Rússia e a Geórgia, a reconciliação de "conflitos latentes".
Proposta sueco-polonesa
Para a União Européia, o principal ponto do novo tratado de cooperação com a Rússia promete uma maior segurança no fornecimento de petróleo e gás natural de Moscou. A Rússia, por seu lado, deseja um melhor acesso ao mercado europeu. Além disso, o novo tratado deverá procurar soluções para a concessão de vistos de viagem e cruzamento do espaço aéreo – problemas que há anos prejudicam as relações bilaterais.
De forma geral, a União Européia pretender melhorar, categoricamente, suas relações com os países vizinhos do Leste. Seguindo o exemplo da União do Mediterrâneo, sugerida pela França, a Suécia e a Polônia propuseram uma aproximação do bloco europeu com Armênia, Azerbaijão, Geórgia, Moldávia e Ucrânia.
Os ministros das Relações Exteriores da UE saudaram a proposta sueco-polonesa de uma Parceria do Leste. "Eu sou um entusiasta quando se trata de espalhar valores europeus por todas as partes da Europa", afirmou o ministro esloveno do Exterior e atual presidente do Conselho da UE, Dimitri Rupel, nesta segunda-feira em Bruxelas.
"Este ano será o Ano do Mediterrâneo, o ano que vem deverá ser o do Leste", comentou Alexandr Vondra, ministro tcheco encarregado dos assuntos europeus. Jean Asselborn, ministro do Exterior de Luxemburgo, também saudou a proposta de parceria, mas advertiu dos riscos para a coesão da União Européia: "Isto não deve se tornar um jogo: uns voltados para o Sul, outros para o Leste", afirmou.