Polícia de Mianmar mata mais participantes de protestos
13 de março de 2021Pelo menos cinco manifestantes foram mortos neste sábado (13/03) durante protestos paciíficos contra o golpe militar em Mianmar: dois foram vítimas de fogo policial em Mandalay, e outro na cidade de Pyay, no centro do país.
Segundo a mídia nacional, dois cidadãos morreram na noite da sexta-feira em Yangon, quando a polícia disparou contra uma multidão que, diante de uma delegacia do bairro de Tharketa, exigia a libertação de ativistas presos. Milhares se reuniram naquela metrópole numa vigília pelos mortos, cujo total já chega a 70.
"Eles estão atirando, estão prendendo, é muito perigoso", comentou à DW a ativista Phyu Phyu Thaw em Yangon. "Eles estão espancando, vi gente sangrando na rua, agora eles estão matando seu próprio povo", prosseguiu, descrevendo a ação militar de repressão.
As forças de segurança birmanesas vêm empregando táticas cada vez mais brutais para reprimir o movimento nacional contra a derrubada, em 1º de fevereiro, do governo democraticamente eleito. Em grande parte do país vigora o toque de recolher. Ativistas têm postado nas redes sociais, imagens chocantes de corpos jazendo na rua e indivíduos desfigurados por ferimentos a bala.
EUA e outros pressionam junta militar
As passeatas deste sábado estavam programadas para marcar o aniversário do levante contra o governo militar em 1988, em seguida à morte de um universitário. O movimento ficou conhecido como "campanha 8/8/88", pois os protestos culminaram em 8 de agosto daquele ano.
O exército esmagou a insurreição, e pelo menos 3 mil cidadãos foram mortos. Foi nessa época que ganhou destaque político a líder do governo civil agora derrubado, Aung San Suu Kyi, a qual foi colocada em prisão domiciliar desde o golpe.
Em resposta ao clima de violência estatal, na sexta-feira os Estados Unidos concederam garantias contra deportação e vistos de trabalho temporários a cidadãos de Mianmar que vivem no país. No início da segunda semana de março, o governo Biden já oferecera proteções análogas aos venezuelanos nos EUA.
Washington já endureceu os controles de exportações para o país asiático, e também está aumentando a pressão contra os líderes da junta militar birmanesa. No começo desta semana, foram impostas sanções contra familiares do general Min Aung Hlaing. Antes, o Departamento do Tesouro americano congelara os bens dele e de cinco outros membros da junta.
O Reino Unido e o Canadá igualmente impuseram sanções aos militares birmaneses, e a Nova Zelândia suspendeu o programa de cooperação de defesa com o país, Na sexta-feira, Londres alertou os britânicos que deixem Mianmar, pois "os níveis de violência estão crescendo".
av (Reuters,AFP,DPA)