Policiais são condenados a 156 anos de prisão por massacre no Carandiru
21 de abril de 2013Neste domingo (21/04) foi proferido o veredicto do julgamento de parte dos policiais que atuou no massacre do Carandiru. O júri condenou 23 réus a 156 anos de prisão, cada um, pela morte de 13 detentos. Outros três policiais militares que também estavam sendo julgados foram absolvidos.
A sentença foi lida pelo juiz José Augusto Nardy Marzagão no início da madrugada. Os condenados poderão recorrer da pena em liberdade. Na manhã de sábado a acusação pedira a absolvição de três dos réus, um por não ter agido no primeiro andar onde se encontravam os presos, mas sim no terceiro, e os outros dois por não terem entrado nos corredores onde ocorreram os confrontos.
O número de vítimas do julgamento também diminuiu de 15 para 13, pois, segundo a Promotoria, dois detentos foram mortos com golpes de arma branca, e isso pode significar que eles foram assassinados por outros presos. No sexto e último dia do julgamento aconteceram os debates entre acusação e defesa.
A Promotoria defendeu que os acusados agiram coletivamente. A defesa alegava que não havia a possibilidade de apontar a responsabilidade individual dos policiais em cada uma das mortes. Após o veredicto, a advogada de defesa, Ieda Ribeiro de Souza, afirmou que já entrou com recurso contra as condenações.
Próximos julgamentos
Esse foi o primeiro julgamento dos policiais envolvidos no massacre do Carandiru, que resultou na morte de 111 presos no dia 2 de outubro de 1992. O processo contra 79 policiais militares foi desmembrado em quatro julgamentos diferentes pela Promotoria, considerando os andares em que cada um atuou no dia da invasão do Pavilhão 9 do presídio.
No atual julgamento, consideraram-se as mortes no primeiro andar. Os próximos julgamentos serão pelas morte de 73 pessoas no segundo andar, oito no terceiro e quatro no último piso. Entre um julgamento e outro está programado um intervalo de dois a três meses.
Primeiro julgamento
Após mais de 20 anos do massacre, apenas um envolvido no caso havia sido julgado, o coronel Ubiratan Guimarães, que comandou a ação da polícia. Em 2001, ele havia sido condenado a 632 anos de prisão pela morte de 102 detentos.
Mas, o coronel recorreu da sentença e em 2006 foi inocentado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. No mesmo ano ele foi assassinado. A namorada dele foi acusada do crime, mas absolvida por falta de provas.
O massacre
Uma briga entre presos foi o estopim do maior massacre do sistema penitenciário brasileiro. A polícia foi chamada para conter a rebelião. Após tentar negociar com os presos, a polícia invadiu o Pavilhão 9. A ação terminou numa chacina.
Na época o complexo do Carandiru era formado por sete pavilhões de cinco andares cada. No presídio 7.257 pessoas cumpriam pena, sendo que 2.706 delas estavam presas no Pavilhão 9. Em 2002 a prisão foi demolida e hoje o local abriga o Parque da Juventude.
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