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Política migratória do governo divide leste e oeste alemães

7 de setembro de 2018

Pesquisa revela grandes diferenças de opiniões entre duas regiões do país: no leste, confiança nas instituições e no governo é bem menor. Chefe do serviço secreto diz não haver provas de perseguições em Chemnitz.

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Foto: Getty Images/C. Koall

A pesquisa DeutschlandTrend, que avalia as tendências do eleitorado alemão, revelou nesta quinta-feira (06/09) um distanciamento cada vez maior entre os estados do leste e do oeste da Alemanha quando o assunto é migração.

Em todo o país, 49% da população avalia que o governo federal não lida adequadamente com o tema, apurou o levantamento. Há, porém, uma diferença significativa entre as respostas obtidas nessas duas regiões. 

No oeste, 46% se dizem insatisfeitos com a atuação do governo; no leste, a quantidade de cidadãos descontentes atinge 66%. Na parte ocidental, 46% afirmam concordar que as autoridades levam a sério as preocupações em relação ao tema; no lado oriental, esse total é de apenas 33%.

O debate sobre a migração e, em particular, sobre a decisão da chanceler federal Angela Merkel de abrir as fronteiras do país aos refugiados em 2015 ganhou novo impulso após a recente onda de protestos na cidade de Chemnitz, motivados pela morte de um cidadão alemão de 35 anos. Os dois acusados do crime são de nacionalidades síria e iraquiana.

A pesquisa encomendada pela emissora pública ARD ao instituto Infratest Dinap revela também diferenças no nível de confiança da população nas instituições públicas. Em todo o país, a polícia recebeu a melhor avaliação (81% de confiança alta ou muito alta), seguida dos tribunais (65%), da imprensa (46%) e do governo (43%).

No oeste alemão, a confiança na polícia é de 85%, enquanto no leste esse índice atingiu 69%. Apenas a metade dos cidadãos do leste afirma confiar nos tribunais do país, enquanto no oeste quase 7 em cada 10 pessoas expressam confiança nas cortes. 

Somente 29% dos cidadãos do leste dizem confiar na imprensa, em comparação com 52% de seus compatriotas no oeste do país. Ao mesmo tempo, 46% no oeste dizem confiar no governo, contra 39% no leste.

O governo federal recebeu avaliações positivas, na maior parte, de apoiadores dos partidos da base governista, em especial a União Democrata Cristã (CDU), de Merkel, e sua tradicional aliada, a legenda bávara União Social Cristã (CSU). Mas, apesar de 53% se dizerem satisfeitos, o número de descontentes é significativo (47%).

Entre os apoiadores do Partido Social-Democrata (SPD), que também integra a coalizão governista, a insatisfação com a atuação do governo atinge mais de dois terços (67%). Os mais insatisfeitos são, de longe, os apoiadores do partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD): 98% rejeitam as políticas do governo.

Apesar de as questões envolvendo a migração dividirem opiniões no país, a agremiação política que mais utiliza o tema como plataforma eleitoral, a AfD, é motivo de preocupação para uma enorme parcela da população. Ao serem perguntados se o serviço interno de inteligência deveria monitorar as atividades do partido, 65% responderam que sim.

A maioria dos apoiadores de todos partidos defende que os populistas sejam vigiados. Esse percentual é maior entre os verdes (81%) e os social-democratas (78%). O único grupo em que foi registrada uma maioria de respostas negativas é o dos próprios apoiadores da AfD, ainda que 10% se digam favoráveis à medida.

Na eleição nacional de setembro de 2017, a AfD conquistou 12,6% dos votos, com uma campanha centrada no confronto com a política migratória do governo federal, o que garantiu representação no Bundestag (Parlamento) ao partido.

"Não há provas de perseguição" em Chemnitz

O presidente do Departamento de Proteção à Constituição da Alemanha (BfV, na sigla em alemão), Hans-Georg Maassen, expressou dúvidas de que tenham ocorrido perseguições a pessoas de aparência estrangeira durante os recentes protestos em Chemnitz.

Em entrevista ao jornal Bild, publicada nesta sexta-feira, ele disse não haver "informações confiáveis de que tais perseguições tenham ocorrido. "Compartilho do ceticismo em relação aos relatos na imprensa de perseguições de cunho extremista", afirmou.

Sobre as imagens na internet que mostram pessoas de aparência estrangeira sendo hostilizadas, Maassen considerou que "não há provas que indiquem que o vídeo que circula na internet sobre o suposto incidente seja autêntico".

"Há, porém, boas razões para crermos que seria uma desinformação proposital, possivelmente, para desviar a atenção do público do assassinato em Chemnitz", observou.

As declarações de Maass enforam bastante criticadas por políticos. O social-democrata Thomas Oppermann disse não compreender porque o chefe do BfV ainda têm duvidas sobre o que ocorreu em Chemnitz.

"Vimos as imagens, ouvimos as testemunhas. Vimos pessoas fazendo abertamente a saudação de Hitler nas ruas", observou, lembrando que até um ônibus que transportava membros do SPD foi atacado por extremistas.

Especialistas ouvidos pela emissora ARD afirmaram que o vídeo que mostra manifestantes correndo atrás de dois homens de aparência estrangeira é verdadeiro.

RC/apd/afp/rtr

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