Poesia moderna
24 de agosto de 2011Quando Tara Brenner sobe ao palco, ela dá tudo de si. A jovem de cabelos ruivos fala ao microfone de forma eloquente e divertida, apresentando o poema que ela mesma escreveu. O tema é "por que vampiros são os melhores homens". Tara não esconde ser fã da série Twilight e logo cativa os ouvintes. É justamente isso que conta no poetry slam: convencer o público em poucos minutos.
Ao contrário das declamações tradicionais de poesia, no poetry slam a audiência desempenha um papel fundamental. É ela quem decide se um poema é bom ou ruim. Para Tara, 25, é exatamente isso o que a motiva. "Se um poema insignificante é apresentado, o público o rejeita", diz. "Mas quando realmente se tem algo a dizer, as pessoas querem ouvir. Assim, o poetry slam torna-se cada vez melhor."
Chega de monotonia
Desde que o poetry slam foi inventado por Marc Kelly Smith, em Chicago, há 25 anos, ele se espalhou pela América do Norte, pela Europa e por todo o mundo. Somente na Alemanha, por volta de cem eventos são realizados a cada ano. Apresentar poemas de própria autoria e ser avaliado por leigos atrai muito mais a atenção das pessoas do que a declamação tradicional, à mesa com um copo d'água.
Patricia Smith, quatro vezes vencedora do National Poetry Slam nos Estados Unidos, vivenciou os primórdios do poetry slam em Chicago. O concurso foi criado como parte de um programa semanal de literatura e logo se tornou um fenômeno de público.
"No começo era uma novidade o fato de entrarmos em cena sem um script e valorizarmos a performance. Isso não existia antes", lembra Patricia. "Também os poemas eram realmente bons. Com o tempo, fui observando que as pessoas se esforçavam cada vez menos para escrever. Fiquei chateada, porque o foco passou da escrita para a performance."
Aos poucos, os poetas voltam-se para o conteúdo outra vez, diz Patricia. Mesmo assim, ela olha com nostalgia para os primórdios do poetry slam, quando os concursos ainda eram um pouco menores e mais modestos.
"Hoje o poetry slam é quase uma indústria", lamenta. "Há muito dinheiro envolvido. Há pessoas que querem conseguir um contrato de gravação ou aparecer na televisão através do concurso. Elas usam o poetry slam como um trampolim."
Comunidades slam em ascensão
Quando Tara nasceu, o poetry slam acabara de ser inventado – e, desde então, novas formas foram desenvolvidas. Em muitas cidades do mundo, há comunidades de poetry slam. Para ela, é impossível imaginar que algum dia a competição deixe de ter importância.
"Não acredito que o poetry slam vá desaparecer", diz. "Ele não para de crescer. Cada vez mais gente tem algo a dizer – e, para mim, o poetry slam é a melhor plataforma. Acho que outras pessoas pensam da mesma maneira."
Na Alemanha, o próximo grande evento da temporada slam será em Hamburgo. Entre 18 e 22 de outubro, a cidade no norte da Alemanha abrigará competições de poetry slam em língua alemã. Durante cinco dias, haverá apresentações em 30 locais, incluindo pequenos clubes, o teatro Schauspielhaus e a O2 Arena, com capacidade para 15 mil pessoas.
Até o momento, 300 participantes se inscreveram. Os organizadores do evento esperam atrair 15 mil visitantes. Além do concurso tradicional, em Hamburgo será promovida pela primeira vez uma competição para menores de 20 anos.
Autora: Anne Allmeling (lpf)
Revisão: Alexandre Schossler