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Rapto no Ararat

Agências (rw)10 de julho de 2008

Seqüestradores exigem que Alemanha revise política em relação ao povo curdo e ao próprio PKK. Caso contrário, reféns alemães no monte Ararat não serão libertados, informou agência noticiosa próxima ao PKK.

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O Ararat é a montanha mais alta da Turquia e atração para alpinistasFoto: AP

A organização rebelde curda Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) fez exigências políticas à Alemanha nesta quinta-feira (10/07) para a libertação dos três montanhistas alemães seqüestrados na noite de terça para quarta-feira no monte Ararat.

Flagge der linksnationalistischen Arbeiterpartei Kurdistans, PKK gleich Partia Karkaren Kurdistan
Bandeira do PKKFoto: AP

Enquanto o Estado alemão "não desistir de sua política hostil contra o povo curdo e contra o PKK", os reféns alemães não serão libertados, comunicou em declaração a agência de notícias Firat, considerada próxima ao PKK.

O estado de saúde dos alpinistas raptados no leste da Turquia é bom, prossegue o comunicado, que exorta as autoridades turcas a suspenderem suas operações na região do monte Ararat a fim de garantir a vida e a segurança dos reféns.

Alemanha não irá ceder

O ministro alemão das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, rechaçou as críticas e declarou que o governo alemão não se deixará pressionar. Segundo ele, uma força-tarefa está fazendo o possível para libertar os alemães.

Os três montanhistas, que integravam um grupo de 13 alemães da Baviera, foram seqüestrados por cinco militantes armados quando se encontravam em uma base da montanha. Mehmet Cetin, o governador da província turca onde fica o monte Ararat, disse que a área foi fechada para turistas devido à operação de busca da polícia.

Seqüestradores reclamam do rigor da política alemã

Segundo informações da emissora alemã de tevê ZDF, numa conversa com os demais membros do grupo de alpinistas, os rebeldes teriam reclamado do rigor da Alemanha em relação ao PKK, como por exemplo a proibição do partido em 1993 e sua inclusão pela União Européia na lista de agremiações consideradas terroristas.

Em junho último, o Ministério alemão do Interior proibiu as atividades na Alemanha da emissora curda Roj TV. A transmissão das imagens não foi afetada, já que a emissora dispõe de uma licença da Dinamarca, mas uma empresa de produções em Wuppertal, no oeste alemão, foi obrigada a fechar.

Cem Özdemir Porträtfoto
Özdemir critica falta de emissora 'decente'Foto: picture-alliance/dpa

Em entrevista à Deutsche Welle, Cem Özdemir, alemão de ascendência turca e deputado verde no Parlamento Europeu, criticou a Turquia por "até hoje não ter concedido licença a nenhuma emissora curda decente".

"Ela daria oportunidade às pessoas lá residentes de se informarem no seu idioma, sem ter de depender de uma emissora da qual se sabe que ela está próxima ao PKK." Segundo Özdemir, enquanto isso não acontecer, não se pode acusar os curdos na Alemanha ou em qualquer outro lugar de assistir à Roj TV.

Ararat foi reaberto a turistas em 2000

Os seqüestrados faziam parte de um grupo de alpinistas da Baviera que pretendiam escalar o Ararat, localizado no leste da Anatólia, próximo às fronteiras com a Armênia e o Irã.

Segundo o secretário bávaro do Interior, Joachim Hermann, os reféns têm 33, 47 e 65 anos de idade. Ativistas do PKK teriam invadido a base do grupo de 13 escaladores e seqüestrado os três alemães. Os outros dez foram levados a uma delegacia de polícia na região.

O monte mais alto da Turquia tem 5.165 metros de altura e é um ponto de atração de alpinistas. De acordo com a Bíblia, seria o local onde a Arca de Noé tocou terra firme após o dilúvio. O local, que é bastante amplo e oferece muitas áreas para esconderijos, já esteve fechado ao turismo entre 1992 e 2000 devido às ameaças do PKK.

Saiba quem são os curdos e o PKK

Os curdos são o maior grupo étnico do mundo que não dispõe de Estado próprio. Segundo a Sociedade de Povos Ameaçados, há no mundo mais de 30 milhões de curdos. Já fontes curdas calculam haver até 45 milhões. A grande maioria concentra-se na Turquia, mas também há curdos no Irã, no Iraque e na Síria.

Irak Türkei Kurden Frauen sammeln Brennholz
Duas mulheres recolhem lenha na região curda entre a Turquia e o IrãFoto: AP

Desde a prisão do antigo líder do PKK, Abdullah Öcalan, e a pressão da União Européia sobre a Turquia para que observe os direitos humanos, a situação dos curdos melhorou.

Mesmo assim, muitos curdos na Turquia ainda se queixam de discriminação, repressão e violência. O Partido dos Trabalhadores do Curdistão luta desde 1984 pela autonomia da região curda no sudoeste da Turquia.

No início dos anos 1990, foi responsável por vários seqüestros, sendo que todos os reféns foram soltos. Também atentados a bomba em áreas turísticas na Turquia são atribuídos ao PKK.