Pioneiro da Bauhaus: o arquiteto Henry van de Velde
Nascido na Bélgica, o arquiteto e designer Henry van de Velde influenciou toda uma geração de modernistas. Ele foi um artista universal, que em Weimar se tornou pioneiro do movimento Bauhaus.
Artista universal
Um dos mais importantes arquitetos e designers do século 20 foi Henry van de Velde. Sua obra é abrangente: de edifícios, passando por vestimentas até abridores de carta. Com o seu "novo estilo", ele se tornou um pioneiro da Bauhaus.
De pintor a arquiteto
Henry van de Velde nasceu em Antuérpia, na Bélgica, em 3 de abril de 1863. Segundo o desejo da família, ele teria sido jurista. Em vez disso, a partir de 1880, ele frequentou a Academia de Belas-Artes de sua cidade natal. Sua pintura também foi influenciada pelo pós-impressionista Vincent van Gogh. Mas o que passou a lhe interessar cada vez mais foram o design de interiores e a arquitetura.
Primeiro projeto residencial na Alemanha
Assim, Van de Velde se afastou da pintura para se dedicar à arte aplicada. Ele logo se tornou conhecido, projetando interiores em Berlim, Hagen (oeste da Alemanha) e Paris. Na Alemanha, seu primeiro trabalho como arquiteto foi a Villa Esche em Chemnitz. Da planta baixa, passando pelo mobiliário até os talheres – tudo recebeu a assinatura do belga. Mas o centro de sua atuação no país foi Weimar.
Van de Velde na Escola de Artes e Ofícios
Ele mudou para Weimar em 1902 como consultor da Escola Grão-Ducal de Artes e Ofícios. Lá, fundou a escola de artes aplicadas, tornou-se diretor da instituição e projetou seus edifícios. Desde 1995, eles são Patrimônio da Humanidade pela Unesco. Seus alunos deveriam adquirir conhecimentos práticos e artísticos. A ideia de unir as duas habilidades fez dele um dos pioneiros da Bauhaus.
Pratos, vasos e muito mais
Em suas memórias, Van de Velde escreveu que beleza e finalidade são uma coisa só. Não é de admirar que, em 1907, ele tenha sido cofundador da Federação Alemã de Ofícios (Werkbund) – que, até hoje, reúne artistas e industriais. Van de Velde também projetou para empresas artesanais e industriais. As cerâmicas fabricadas em Bürgel, na Turíngia, ficaram famosas levando a assinatura de Van de Velde.
Arquiteto e filósofo
Van de Velde se considerava um discípulo do filósofo Friedrich Nietzsche. Ambos estavam convencidos de que o indivíduo poderia modificar a sociedade. Em 1902, ele foi contratado pela irmã de Nietzsche, de quem era amigo, para projetar o Arquivo Nietzsche em Weimar. Surgiu então a casa onde Nietzsche passou os últimos anos de sua vida. Até hoje, ela permanece sem modificações.
Mudança de uso
Com o passar do tempo, muitas das obras de Van de Velde foram modificadas ou desviadas da finalidade original. A casa do industrial Paul Schulenburg, em Gera, abrigou mais tarde, por exemplo, uma escola de freiras. Após a reunificação da Alemanha, em 1990, ela permaneceu vazia por vários anos. Os atuais proprietários estão reformando a casa desde 1996, seguindo o projeto original da casa tombada.
Uma obra de arte total
Na Casa Schulenburg e em diversos outros edifícios, Henry van de Velde concebeu todo o interior. Ele não desenhou somente a mobília, mas também luminárias ou o suporte para guarda-chuvas. Ele projetava os edifícios como uma obra de arte total, na qual tudo combinava – sempre com vista ao seu "novo estilo". Os objetos deveriam ser funcionais, sem adornos desnecessários.
A residência do arquiteto
Henry van de Velde projetou não somente para seus clientes. Ele concebeu as quatro paredes também para ele e sua família: a Casa Hohe Pappeln (Altos Álamos) em Weimar. Ali ele viveu com sua esposa e cinco filhos. Os espaços eram bem estruturados e voltados para o sol. A residência se tornou ponto de encontro de artistas e intelectuais, recebendo visitas de Edvard Munch e Hugo von Hofmannsthal.
Hostilidade e isolamento
Tudo mudou com a Primeira Guerra Mundial: como belga, Van de Velde sofreu hostilidades e ficou isolado. Em 1914, ele renunciou a seu posto em Weimar. Nesse período, ele recebeu o apoio de poucos. Entre eles, da família Dürckheim, para quem ele construiu uma mansão (foto). Durante os anos de guerra, a proprietária da casa arrecadou 170 mil marcos para manter Van de Velde em Weimar.
De volta para a Bélgica
Mas nada mais prendia Henry van de Velde à Alemanha. Em 1917, ele deixou Weimar e se mudou primeiro para a Suíça. Mais tarde, ele voltou a viver em seu país natal, a Bélgica: em 1925, ele assumiu a cátedra de arquitetura na Universidade de Gent, tendo projetado a biblioteca da universidade (foto). Ele também projetou o pavilhão belga nas Exposições Universais de Paris (1937) e Nova York (1939).
A fundação da Bauhaus
Com a saída de Van de Velde, Weimar perdeu um nome que influenciou de forma decisiva a Escola de Artes e Ofícios. Mas seu sucessor, Walter Gropius, escolhido pelo próprio Van de Velde, desenvolveu as ideias do arquiteto belga e fundou a Bauhaus em 1919. Objetos funcionais com um design inteligente deveriam ser desenvolvidos para a produção em massa. Em 1925, a Bauhaus mudou-se para Dessau (foto).
Um fenômeno mundial
Henry van de Velde morreu em 25 de outubro de 1957, aos 94 anos, em Zurique, na Suíça. Ele introduziu o modernismo no design e na arquitetura e transpôs a fronteira entre a arte e o ofício de artesão.