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Mercosul em Hannover

23 de abril de 2009

Região não foi golpeada tão fortemente pela crise econômica quanto os países industrializados. Especialmente o Brasil é visto como um exemplo de estabilidade na maior feira industrial do mundo.

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Foto: Henrik Böhme/DW

Num fórum dedicado aos países do Mercosul na Feira Industrial de Hannover, o governador da Baixa Saxônia, Christian Wulff, elogiou o desempenho do bloco fundado em 1991 por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, região que conta com 250 milhões de habitantes e não foi golpeada tão fortemente pela crise econômica quanto os países industrializados.

Segundo Wulff, levando em conta as dimensões da crise, as relações entre a União Europeia (UE) e o bloco se desenvolvem de maneira positiva. A Baixa Saxônia é o estado onde acontece a feira.

Depois dos Estados Unidos, a União Europeia é o principal parceiro econômico do Mercosul. Cerca de 20% das importações do bloco vêm de países-membros da UE.

Global Business Forum auf der Hannover Messe
Ludwig Georg Braun, presidente da DIHKFoto: DW/Eva Usi

Mas o interesse não é apenas comercial. O presidente da Iniciativa para a América Latina do setor econômico alemão, Ludwig Georg Braun, também presidente da Confederação Alemã das Câmaras de Indústria e Comércio (DIHK), exigiu uma intensificação do intercâmbio acadêmico e cultural, destacando o enorme interesse pela língua espanhola e pela cultura sul-americana nas escolas alemãs.

Grande potencial de crescimento e consumo

Muitos empresários presentes em Hannover veem na crise financeira uma oportunidade, e uma região como o Mercosul, que resistiu ao vendaval financeiro e se manteve estável, se torna fortemente atraente.

A V-Line Europe é uma empresa com sede em Hannover e que oferece serviços de manutenção, reparo e reposição de materiais e componentes para os setores automotivo, petroquímico e de engenharia mecânica. A companhia está há oito anos presente no Brasil, país que responde por 25% de seu volume de negócios, que foi de aproximadamente 80 milhões de euros no ano passado.

"Estou convencido de que tanto a China quanto o Brasil serão os que mais rapidamente sairão da crise financeira", afirma o diretor da empresa, Detlev Daues. "No Brasil, há um grande potencial, ainda que haja uma retração de curto prazo. O potencial de crescimento é enorme, também no consumo." A V-Line é uma das cerca de 800 empresas alemãs atuantes no mercado brasileiro, e seu compromisso é de longo prazo.

Concorrência chinesa

O presidente do escritório regional de Porto Alegre da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha (AHK), André Meyer da Silva, alerta que a China conquistou mercados e ultrapassou países como a Alemanha. "A relação entre a Alemanha e o Brasil já foi mais forte, naturalmente a China ultrapassou países europeus, mas também o Mercosul ganhou importância", afirma.

Global Business Forum auf der Hannover Messe
Christian Wulff, governador da Baixa Saxônia, com a embaixadora do Paraguai, Liliane Lebron WengerFoto: DW/Eva Usi

Segundo ele, as relações entre os integrantes do Mercosul se fortaleceram. "No Rio Grande do Sul, a vizinha Argentina era o parceiro comercial mais importante até o ano passado, mas com a crise isso mudou drasticamente", explica.

A Issendorff Mikroelektronik, pequena empresa dedicada a desenvolver sistemas inteligentes de controle de iluminação, ventilação, temperatura e segurança em edifícios, também tenta se estabelecer na América Latina.

"Fizemos uma tentativa na China, mas nos retiramos por questões de segurança. Estavam espionando nossa tecnologia e o perigo de que nos copiassem era muito grande", conta o proprietário, Eberhard Issendorff.

Segundo ele, as experiências na Argentina mostraram que há "uma atitude muito positiva em relação aos alemães". "Somos bem-vindos, o que apreciamos muito. Além disso, é divertido se comunicar com as pessoas, e isso para nós é qualidade de vida."

Autora: Eva Usi

Revisão: Alexandre Schossler