Partido governista vence eleições em Angola
25 de agosto de 2017O Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), partido que governa o país africano há mais de quatro décadas, venceu as eleições gerais com mais de 64% dos votos, segundo anunciou nesta quinta-feira (24/08) a comissão eleitoral angolana, levando em conta resultados preliminares.
Com o resultado, o candidato do MPLA à presidência, João Lourenço, que atualmente é ministro da Defesa do país, sucederá o autoritário presidente José Eduardo dos Santos, no poder desde 1979. O líder de 74 anos anunciou em fevereiro que não concorreria a um novo mandato.
Principal adversária do partido governista, a União Nacional para a Total Independência de Angola (Unita), liderada por Isaias Samakuva, ficou em segundo lugar no pleito, com 24,4% dos votos. Em seguida aparece Abel Chivukuvuku, da Casa-CE, com 8,5%, de acordo com a comissão eleitoral. Os números, segundo o órgão, correspondem à contagem de quase 64% das urnas.
A oposição chegou a classificar o resultado como fraudulento. Durante a coletiva de imprensa da comissão eleitoral para apresentação dos números, representantes da Unita e da Casa-CE disseram que os dados divergem daqueles que seus partidos encontraram em contagens paralelas próprias.
Cerca de 9,3 milhões de angolanos estavam inscritos para ir às urnas nesta quarta-feira. O pleito ocorreu de forma indireta: a população votou nos partidos que vão compor a nova Assembleia Nacional, formada por 220 assentos.
A Constituição angolana, alterada em 2010, estipula que o líder da legenda que vence as legislativas se torna automaticamente o presidente da República. O partido vitorioso também conquista a maioria absoluta das cadeiras do Parlamento.
Crise em Angola
O novo presidente enfrentará a difícil tarefa de combater uma grave crise econômica. Entre 2013 e 2016, a inflação disparou de 7,7% para 41,9% ao ano. O crescimento econômico caiu de 5,1% para 1,1%. A dívida pública subiu de 32,9% para 65,4% do Produto Interno Bruto (PIB).
A crise foi agravada pela queda dos preços do petróleo em 2013, levando os investimentos do governo a caírem 60%. Angola é o segundo maior produtor de petróleo da África subsaariana e tem uma economia quase exclusivamente baseada na exportação da commodity – a produção média diária de 1,8 milhão de barris representa quase 70% dos investimentos estatais e 95% das exportações.
Governado pelo MPLA desde a independência de Portugal, em 1975, o país vive ainda quatro décadas de corrupção e nepotismo. No outro extremo, a maioria da população angolana vive com menos de 1 dólar por dia e não dispõe de serviços básicos, como água e esgoto. Cerca de 1 milhão de crianças está fora do sistema de ensino.
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