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Fórum Social Mundial

26 de janeiro de 2010

O Fórum Social Mundial vem reunindo dados sobre os participantes do evento desde sua terceira edição em 2003. E as sucessivas pesquisas mostram que seu público tem um perfil jovem, bastante escolarizado e internacional.

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Greenpeace e participantes do evento protestam contra transgênicosFoto: AP

Os participantes do Fórum Social Mundial têm um perfil jovem, bastante escolarizado e internacional, características que têm sido apontadas por sucessivas pesquisas realizadas pelo Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase).

Os dados vêm sendo coletados desde a terceira edição do FMS, em 2003. No evento do ano passado, realizado em Belém do Pará, o levantamento indicou que 64% dos 150 mil participantes tinham até 34 anos de idade, sendo que 81% possuíam grau superior completo ou em curso.

Brasilien Welt Sozial Forum in Porto Alegre
A socióloga brasileira Iandra Cattani foi até tradutora voluntária em 2002Foto: Julia Assef

"O forum está sofrendo uma profunda renovação na sua base", afirma Cândido Grzybowski, diretor do Ibase, ao avaliar esta 10ª edição. Os números confirmam: 76% dos inscritos participam de uma reunião central do FSM pela primeira vez.

Juventude ativa

A ideia da pesquisa é levantar informações que possam servir de base para a construção de estratégias que fortaleçam as lutas representadas pelo FSM, bem como identificar o que está faltando. Mas ela também se propõe a ajudar a compreender quem faz o FSM na prática, e a refletir sobre os desafios para os próximos anos.

"Os jovens garantem o sucesso do fórum desde o primeiro encontro", avalia Grzybowski. "É opinião corrente que a juventude não se interessa por política. Mas o FSM é um desmentido cabal disso. Ele atrai porque é um espaço sem hierarquia e com horizontalidade. Há uma aceitação da diversidade, sem o protagonismo de organizações, e isso atrai os jovens", conclui.

Mas admite: "Apesar da grande presença da juventude, o fórum não reconhece o jovem como agente. Não temos, por exemplo, representação de organizações jovens no Conselho Internacional. E a pesquisa ajuda nesse sentido, pois hoje já existem propostas de três organizações juvenis de trazer sua perspectiva para dentro do Conselho", explica.

Brasilien Welt Sozial Forum in Porto Alegre
A jornalista queniana Catherine Wanjiku participa pela primeira vezFoto: Julia Assef

Horizontalidade, igualdade e diversidade

A socióloga brasileira Iandra Cattani, de 25 anos, concorda. Ela participou do fórum até mesmo como tradutora voluntária em 2002. "A representação das minorias pelas próprias minorias é o que mais me chama a atenção, pois muda o papel de quem está envolvido", afirma.

"Outro ponto importante é a seriedade do fórum, que trata de coisas muitas vezes estigmatizadas, como a luta por igualdade e direitos sociais. Parece utópico, mas ele faz acreditar que, de fato, outro mundo é possível, através de propostas concretas."

Brasilien Welt Sozial Forum in Porto Alegre
Corinne Kumar veio de Bangalore, na ÍndiaFoto: Julia Assef

De fato, propor políticas públicas e oferecer espaço para intercâmbios culturais e conexões internacionais são considerados pelos participantes as mais importantes propostas do FSM. A maioria deles (89%) acredita que o ponto forte é sua "diversidade". Por outro lado, seu calcanhar de Aquiles é a organização, criticam 60% dos entrevistados.

Defesa da pluralidade

A socióloga Corinne Kumar veio diretamente de Bangalore, na Índia, para participar do Fórum. Para ela, a criação de espaços políticos e a pluralidade são conquistas da iniciativa internacional. "Você encontra diferentes tipos de pessoas e entende a importância da diversidade, não só discutindo temas que envolvem direitos humanos, guerra e paz, mas buscando encontrar alternativas", afirma.

A jornalista Catherine Wanjiku, do Quênia, participa pela primeira vez do encontro. Aos 22 anos, ela veio a Porto Alegre para buscar pontos comuns entre a realidade de outros povos com o seu país. Catherine entende que o evento cria redes, colocando em contato pessoas e movimentos que, unidos pela esperança, compartilham a mesma luta,. "O objetivo é unir povos, comunicar mais, saber mais sobre as pessoas", sublinha.

Autora: Júlia Assef

Revisão: Carlos Albuquerque