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Para aproximar a Rússia da UE

(rr)20 de dezembro de 2004

Schröder e Putin se encontram pela primeira vez desde a crise na Ucrânia. Um dia após o leilão da Yuganskneftgas, eles se reúnem para consulta bilateral em Hamburgo.

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Schröder (dir.) recebe Putin no aeroporto de HamburgoFoto: AP

Em setembro último, o tradicional encontro do chanceler federal alemão Gerhard Schröder com o presidente russo Vladimir Putin foi cancelado na última hora em decorrência do seqüestro em Beslan, na Ossétia do Norte. Agora, os dois chefes de governo se encontram em Hamburgo para recuperar o tempo perdido.

A segunda-feira (20/12) fora reservada para formalidades diplomáticas: recepção de Putin com pompa oficial em Hamburgo, registro do presidente russo no livro de ouro da cidade. Só na terça começaria para os políticos o delicado programa de consultas bilaterais no castelo Gottorf, no Estado de Schleswig-Holstein.

Mas logo em seu primeiro encontro com o chanceler federal, pouco após sua chegada em Hamburgo, Putin surpreendeu ao declarar – pela primeira vez – estar disposto a aceitar as propostas da Alemanha e da União Européia para a solução do conflito na Chechênia. Até agora, Moscou havia se recusado a aceitar ajuda internacional nesta questão. Por sua política centralizadora, Putin tem sido alvo de críticas nos países ocidentais.

"Reestatização disfarçada"

Há, porém, um tema que poderá permanecer tabu nesta visita à Alemanha. É que não se trata apenas do primeiro encontro dos dois políticos desde a crise na Ucrânia. Ele acontece também um dia após o leilão da Yuganskneftgas, a principal unidade de produção do conglomerado petrolífero russo Yukos. E Schröder já mandou avisar por meio de um porta-voz que desdobramentos do leilão em Moscou não farão parte da agenda.

Jukos Logo in Moskau
Logotipo da Yukos em posto de gasolina de MoscouFoto: AP

Aliás, o apoio incondicional de Schröder à postura do governo russo é para muitos um tanto polêmica. Segundo Gesine Schwan, candidata vencida à presidência da Alemanha pelo partido de Schröder, o chanceler teme que a privatização da indústria russa de matéria-prima possa abalar a unidade do país. "Schröder adota claramente a retórica oficial de Putin", critica Frank Umbach, especialista em energia do Centro Körber-Rússia, para quem o leilão não passa de "uma reestatização disfarçada".

Para ele, Schröder teria medo de que instabilidades no setor energético russo possam afetar o fornecimento de energia alemão. Afinal, 40% do gás natural consumido na Alemanha é proveniente da Rússia, o que corresponde a um quarto do volume de gás natural exportado pela Rússia.

Para Roland Götz, chefe do núcleo de pesquisa sobre a Rússia da Fundação Ciência e Política (SFW), "o fato de a política alemã ter que levar em consideração a Rússia é um mito. As relações econômicas entre os dois países floresceriam mesmo que as relações políticas não fossem tão cordiais".

Aproximar a Rússia da UE

Straßenszene in Grosny Tschetschenien
Tropa russa patrulha rua de Grozny, na ChechêniaFoto: AP

Indiferente às críticas, o chanceler alemão, que constantemente elogia Putin pelas reformas econômicas implementadas na Rússia e recentemente o chamou de "um democrata impecável", insiste na importância da parceria estratégica com a Rússia para a Alemanha e a Europa.

"Ninguém precisa ter medo das estreitas relações entre a Alemanha e a Rússia", avisa Schröder. "Muito pelo contrário: essa relação é importante para aproximar a Rússia da União Européia. A longo prazo, não haverá perspectiva para a Europa se houver conflitos com a Rússia."

Diversos contratos deverão ser assinados em Gottorf. Um deles é o do programa de incentivo ao intercâmbio juvenil russo-germânico, no qual cada um dos países investirá três milhões de euros por ano. Também fará parte da agenda a renegociação de velhas dívidas russas, que o país pretende quitar antecipadamente.