1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Palestinos começam a exumar corpo de Arafat na Cisjordânia

13 de novembro de 2012

Processo, que será acompanhado por especialistas franceses, russos e suíços, deve durar duas semanas. Objetivo é esclarecer as causas da morte do líder palestino, ocorrida há oito anos em circustâncias misteriosas.

https://p.dw.com/p/16iNx
Foto: Leon Neal/AFP/Getty Images

Começou nesta terça-feira (13/11) em Ramallah, na Cisjordânia, o complicado processo que deve culminar na autópsia do corpo de Yasser Arafat e numa investigação mais minuciosa sobre sua morte, ocorrida em 2004 em circustâncias até hoje não totalmente esclarecidas. Em sigilo, investigadores iniciaram a abertura do mausoléu do líder histórico da Autoridade Nacional Palestina (ANP), e a previsão é de que em até duas semanas a tarefa seja concluída.

Primeiro presidente da ANP, Arafat morreu em novembri de 2004, aos 75 anos, num hospital militar francês. Os boletins médicos da época não ofereceram causas detalhadas para a morte, o que deu margem para teorias sobre um possível envenenamento. A exumação do corpo é um pedido da viúva de Arafat, Suha, após a constatação de rastros de material radioativo nas roupas do líder palestino.

“O processo começa com a remoção das pedras e do concreto, até que eles alcancem o solo que cobre o corpo, que não será removido até a chegada dos especialistas suíços e dos investigadores franceses e russos”, disse uma fonte ligada à família.

O relatório médico de Arafat aponta que a causa da morte foi uma hemorragia cerebral causada por uma infecção no intestino. A infecção jamais foi identificada, e o hospital francês, na época, anunciou não ter encontrado qualquer traço de envenenamento. Apesar das acusações por parte dos palestinos, Israel sempre negou envolvimento.

O caso voltou à tona em julho passado, quando a viúva de Arafat concedeu entrevista à rede de TV Al-Jazeera, pedindo a exumação do corpo. Dias antes, uma reportagem da emissora árabe apontara envenenamento por polônio como causa da morte. Raramente encontrado fora de círculos militares e científicos, o material é o mesmo que foi usado, em 2006, no assassinato do ex-espião russo e crítico do Kremlin Alexander Litvinenko.

Mausoléu isolado

Yasser Arafat Mausoleum
Mausoléu de Arafat no distrito presidencial em RamallahFoto: Leon Neal/AFP/Getty Images

A descoberta da emissora foi feita com base na análise das roupas e artigos pessoais de Arafat – que foram cedidos por Suha –, elaborada por um laboratório na Universidade de Lausanne, na Suíça. Apesar de terem encontrado polônio no material analisado, os especialistas disseram que seria necessária uma análise mais detalhada para confirmar se realmente houve envenamento.

Os suíços são esperados no próximo dia 26 de novembro em Ramallah, assim como os investigadores franceses, que pretendem coletar material para sua própria apuração, aberta também a pedido da viúva de Arafat. Por solicitação da Autoridade Nacional Palestina (ANP), investigadores russos também vão acompanhar o processo.

“Devido à posição e ao status de Arafat, ninguém terá autorização, sob qualquer circunstância, para fotografar seu corpo enquanto as amostras forem recolhidas”, disse a fonte ligada à família.

Na segunda-feira, Tawfiq Tirawi, chefe do comitê que está à frente do caso, ordenou o fechamento do mausoléu. A estrutura de mármore e vidro fica no mesmo complexo em Ramallah onde Arafat, símbolo da luta nacional palestina, ficou confinado por mais de dois anos sob cerco israelense durante a Segunda Intifada.

Autor: RPR/afp/dpa
Revisão: Francis França