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ConflitosNoruega

Países nórdicos aumentam defesas civis frente à guerra

Henry-Laur Allik
23 de novembro de 2024

Enquanto a guerra da Rússia na Ucrânia continua, Suécia, Finlândia e Noruega atualizaram suas diretrizes de preparação para emergências. Embora as instruções não sejam novas, sensação de ameaça iminente está no ar.

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Homem lê livreto de capa amarela
Governo da Suécia enviou um folheto intitulado "Em caso de crise ou guerra" para todas as residênciasFoto: Claudio Bresciani/TT/AP Photo/picture alliance

A guerra da Rússia na Ucrânia tornou a situação da segurança na região do Báltico mais tensa.

Os países nórdicos, na soleira da Rússia, já tomaram medidas notáveis para melhorar sua força militar, aumentando seus orçamentos de defesa e, no caso da Finlândia e da Suécia, entrando para a Otan. Entretanto, na guerra, as capacidades militares não são a única coisa que importa – a defesa civil e a preparação dos cidadãos comuns também entram na conta.

Finlândia, Suécia e Noruega emitiram guias de preparação atualizados para seus cidadãos. As diretrizes da Finlândia estão em formato digital, enquanto a Noruega e a Suécia estão enviando cópias físicas das instruções para todas as residências.

Os guias orientam sobre eventos climáticos extremos, pandemias e possíveis conflitos. Entre os tópicos abordados, estão a recomendação de ter uma semana de suprimentos de água e alimentos, como agir em caso de evacuação e como lidar com falhas de energia.

Os títulos dos guias da Finlândia e da Noruega tratam de situações de emergência mais amplas – o da Finlândia é "Preparando-se para incidentes e crises", e o da Noruega é "Como você pode fazer sua parte na preparação para emergências da Noruega".

O título da Suécia, por outro lado, enfatiza a possibilidade de um conflito: "Em caso de crise ou guerra". O guia afirma que, em tempos incertos, com conflitos armados virando a esquina, terrorismo, ataques cibernéticos e campanhas de desinformação estão sendo usados para minar e influenciar a Suécia.

"Para resistir a essas ameaças, precisamos nos manter unidos. Se a Suécia for atacada, todos devem fazer sua parte para defender a independência da Suécia – e nossa democracia", diz a introdução de "In case of crisis or war" (Em caso de crise ou guerra).

Mikael Frisell, diretor-geral da Agência Sueca de Contingências Civis, explicou em um comunicado à imprensa que a situação da segurança nacional no país mudou drasticamente, e todos precisam fortalecer sua resistência a várias crises e, em última instância, à guerra.

A Suécia suspendeu o serviço militar obrigatório em 2010, mas o reativou em 2017. A Finlândia e a Noruega têm o alistamento militar obrigatório há décadas.

Longo histórico de defesa civil

A preparação para emergências não é novidade para os países nórdicos. Esses guias remontam à Segunda Guerra Mundial e à Guerra Fria, e essas novas versões servem como uma atualização das informações já existentes.

Jussi Korhonen, diretor de preparação civil da Finlândia, disse à DW que, apesar de não haver nenhuma ameaça militar direta à Finlândia ou a outros países escandinavos, a situação da segurança global se tornou mais instável e difícil de prever. É por isso que é importante manter esses guias de preparação atualizados.

"A preparação da população leva muito tempo. Não se trata de um projeto. É um processo em que você precisa ter um certo nível de preparação para combater diferentes tipos de incidentes", explicou Korhonen.

Cerca de 400 mil pessoas já fizeram o download do guia finlandês. De acordo com Korhonen, 60% dos finlandeses já estão preparados e adquiriram seus suprimentos domésticos de emergência, como três dias de comida e água.

"O objetivo também é fazer com que os 40% restantes adquiram suprimentos domésticos de emergência", disse ele.

Ele citou estudos que mostram os jovens adultos menos preparados, enquanto as pessoas que vivem em áreas rurais estão mais precavidas para emergências.

Ministro segurando o livreto
Ministro da Defesa sueco, Carl-Oskar Bohlin, apresentou em outubro a mais nova versão do "Em caso de crise ou guerra" Foto: Claudio Bresciani/TT/AP Photo/picture alliance

Qual é o clima na Suécia?

David Ferm, um estudante universitário de Gotemburgo, na Suécia, disse que a preparação para a guerra não está na mente das pessoas no momento e que o sentimento é de tranquilidade.

"Quando os panfletos chegarem à população, pois, pelo que sei, ainda não chegaram, acho que haverá um pouco mais de preocupação", disse Ferm à DW.

"Mas, no final, as pessoas vão se acalmar novamente. Nunca haverá pânico."

Na opinião de Ferm, é melhor que as pessoas saibam como agir e se preparar para o improvável, e é bom ter essa informação, independentemente do pânico que ela possa causar.

Ludvig Karlberg, que trabalha em uma startup na capital Estocolmo, também acredita que a ideia de guerra na Suécia está muito distante na mente da maioria das pessoas, que não estão ativamente preocupadas.

"As pessoas não estão realmente fazendo a conexão entre a guerra da Rússia na Ucrânia e o fato de que ela realmente terá impacto e ameaçará nosso modo de vida. Acho que as pessoas em determinados setores estão mais conscientes, como o de segurança cibernética", disse Karlberg.

"Acho que é importante colocarmos o tutorial em nossas mãos, pois a questão é mais urgente do que nunca."

Karlberg acrescentou que, em geral, a população na Suécia temem a Rússia e a guerra na Europa, mas são ingenuamente otimistas quanto à posição de seu país no conflito.

Qual é o clima na Finlândia?

Em Lappeenranta, uma cidade finlandesa próxima à fronteira com a Rússia, o sentimento de ameaça é maior. Marika Kesseli, professora natural da cidade, observou que, embora ainda não esteja totalmente pronta para uma situação de emergência, é importante estar preparada para o pior, como um conflito militar.

Ela disse à DW que ficou mais assustada quando a invasão russa na Ucrânia começou e até pensou em substituir seu carro elétrico por um a combustão.

"Sou professora, e normalmente não falamos sobre a possibilidade de guerra na escola; é muito assustador", explicou Kesseli.

"Quando estamos com nossos amigos, às vezes falamos sobre isso. Mas a possibilidade de sair da fronteira e encontrar um novo trabalho é muito difícil, por isso tentamos acreditar que um dia este mundo será mais pacífico e ter esperança."

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