Outra mancha negra
20 de novembro de 2002O petroleiro grego "Prestige" rompeu por volta de oito horas da manhã desta terça-feira (19). Enquanto suas duas metades ainda boiavam sobre o Atlântico, especialistas afirmavam que não houve mais vazamentos após o rompimento. Mas, depois do seu afundamento, o óleo ameaça agora não só a costa da prinvíncia espanhola Galiza, mas também as práias do norte de Portugal. Já antes do afundamento, tanto o governo espanhol quanto o português diziam acreditar que o Prestige deveria perder ainda boa parte de sua carga antes de submergir.
Caso todo o petróleo venha realmente a se espalhar pelo mar, a catástrofe significaria um dano ambiental duas vezes maior que o ocorrido em 1989 na costa do Alasca, com o "Enxxon Valdez". No momento em que as versões oficiais aventavam uma probabilidade de o Prestige afundar sem maiores vazamentos, ambientalistas mostraram-se céticos e reivindicaram uma legsilação mais rígida no controle do transporte de óleo bruto.
Tradição de catástrofes –
O acidente causado pelo petroleiro grego ameaça a fauna e a flora da região atingida. Essa, no entanto, não é a primeira catástrofe ambiental que atinge a costa atlântica espanhola e portuguesa. Em dezembro de 1992, o também petroleiro grego "Aegean Sea" explodiu na baía de La Coruña, atingindo 200 quilômetros da costa espanhola.O mundo todo assiste, com freqüência, agressões semelhantes ao meio ambiente. Ambientalistas alertam há anos para a necessidade de reforçar as medidas de segurança no transporte de óleo pesado. Além disso, organizações de defesa do meio ambiente exigem uma melhor coordenação entre os departamentos de fiscalização de cada nação, e mesmo dentro de um mesmo país, no socorro imediato em caso de acidente.
Isso ficou claro na catástrofe que atingiu a costa alemã no Mar do Norte em 1998, envolvendo o petroleiro "Pallas". Após o acidente, perdeu-se muito tempo até que os órgãos responsáveis conseguissem coordenar entre si a operação de socorro necessária.
Simulação de acidentes –
A cooperação entre diversos países em caso de acidentes envolvendo vazamentos de petróleo é a tarefa principal da Comissão para a Proteção do Mar Báltico (HELCOM), criada em Helsinki em 1991. Uma vez por ano, é simulado um acidente com um petroleiro na costa de algum país da região."O objetivo dessa simulação é testar a capacidade de cada um em cooperar e oferecer ajuda aos vizinhos, caso as dimensões do acidente exijam", explica Anne-Christine Brusendorff, coordenadora de operações da HELCOM.
"Bandeiras baratas" –
Os principais responsáveis por catástrofes ambientais em todo o mundo são os petroleiros dos chamados "países de bandeiras baratas", como das Bahamas ou da Libéria. Nestes, encontra-se com freqüência uma tripulação sem formação especialzada conduzindo navios "prontos para o ferro velho". O grego Prestige, que acaba de despedaçar-se e de afundar, é um bom exemplo. Embora pertença a uma companhia de navegação grega, o petroleiro navegava com a bandeira das Bahamas.Para Brusendorff, no entanto, também as empresas que encarregam tais navios de transporte são co-responsáveis pelos desastres ambientais. "Deveria-se, quando se passa uma incumbência de transporte a uma companhia de navegação, prestar atenção nas condições de segurança e nos padrões de defesa do meio ambiente", alerta a especialista.
Tapete de veneno –
Os danos causados pelo Prestige não podem ser subestimados. Segundo Hans-Ulrich Rösner, da ONG World Wildlife Found (WWF), "o óleo bruto não é nada mais nada menos que o resíduo das rafinarias, que, em terra, não pode ser aproveitado mais por ninguém. Assutadoramente, esses resíduos são enviados ao mar, como combustível de navios. Trata-se de um material extremamente venenoso, pegajoso e que, quando atinge as águas do mar, espalha-se como um tapete e atinge, na maioria das vezes, as praias. No caminho, quase todos os pássaros que entram em contato com o combustível acabam morrendo".