Os rastros do ETA na sociedade espanhola
Durante quase 60 anos, grupo separatista basco executou assassinatos, sequestros e atentados. Alguns desses ataques deixaram feridas profundas na Espanha.
Dissolução
Em carta aberta enviada a diversas instituições, a organização terrorista basca tornou oficialmente pública sua dissolução em 2 de maio de 2018. O texto anuncia o fim de seu "ciclo histórico e sua função" e informa que o ETA desmantelou "completamente todas as suas estruturas".
Surpresa
A organização foi fundada no final dos anos 50. As primeiras mortes causadas pelo grupo foram registradas na década de 60, mas o primeiro grande ataque ocorreu em 20 de dezembro de 1973. O atentado a bomba em Madri contra o carro em que estava Luis Carrero Blanco matou o então chefe do governo do país e amigo do ditador Francisco Franco, além de duas outras pessoas.
Atentado contra centro comercial
Em 19 de junho de 1987, 21 pessoas morreram e 45 ficaram feridas na explosão em um shopping center da empresa Hipercor, em Barcelona. Embora o ETA tenha anunciado previamente o ataque, a tragédia não pôde ser evitada. A explosão causou um incêndio, destruiu o primeiro andar da garagem e deixou um buraco no chão.
Danos colaterais
Em 17 de outubro de 1991, Irene Villa, de 12 anos, sobreviveu gravemente ferida a um atentado. No caminho para a escola, uma bomba presa ao carro onde viajava com sua mãe explodiu. Aparentemente, o alvo do atentado era o parceiro da mãe, um inspetor de polícia.
Sequestro mais longo
Em 17 de janeiro de 1996, o guarda penitenciário José Antonio Ortega Lara foi sequestrado em sua garagem. Em troca de sua libertação, o ETA exigiu que os prisioneiros da organização terrorista fossem transferidos para as prisões bascas. Depois de 532 dias, a polícia conseguiu libertá-lo. Os quatro sequestradores foram presos.
Mudança de percepção
O sequestro e assassinato do deputado espanhol Miguel Ángel Blanco, em 12 de julho de 1997, mudou a percepção da opinião pública sobre o grupo, cuja oposição à ditadura franquista garantia a simpatia de muitos espanhóis. O ETA deu ao governo um ultimato de 48 horas para que membros presos fossem transferidos para prisões bascas. Diante da negativa do governo, o refém foi assassinado.
Trégua
Em 2006, o ETA anunciou um "cessar-fogo permanente". Mas em 30 de dezembro, a organização terrorista matou dois equatorianos num ataque a bomba no aeroporto de Madri. A foto mostra os dois membros do ETA Igor Portu e Diego Armando Estacio durante julgamento. O assassinato pôs fim à trégua.
Fim das atividades armadas
Em 20 de outubro de 2011, o ETA anunciou o fim de suas atividades armadas. Numa carta, a organização se diz disposta a superar o conflito armado e, ao mesmo tempo, oferece aos governos de Espanha e França um "diálogo direto" para encontrar uma solução para o conflito.
Entrega simbólica de armas
Em abril de 2017, o ETA encenou uma controversa entrega de armas na cidade francesa de Bayonne, que não é reconhecida por Madri. A organização terrorista entregou às autoridades francesas uma lista de oito depósitos secretos de armas. A entrega foi realizada sob a supervisão da Comissão Internacional de Verificação (CIV), que foi criada em 2011 após o término da atividades armadas.
Pedido de perdão
Numa declaração datada de 20 de abril de 2018, o ETA assumiu a responsabilidade direta e pediu desculpas pelo "sofrimento excessivo causado à sociedade basca". O texto foi duramente criticado, já que a organização apenas pediu perdão às vítimas que "não estavam diretamente envolvidas no conflito".
Mais de 7 mil vítimas
Segundo o Ministério do Interior da Espanha, o ETA fez 7.265 vítimas, entre feridos e mortos. Dos 864 mortos oficiais, quase 40% eram da população civil. A grande maioria das vítimas foi atingida durante os tempos de democracia.