Quando Donald Trump ataca a Google, trata-se de um comportamento típico do presidente americano: um egocêntrico quer que o mundo se adapte às suas ideias – e não o contrário. Uma coisa, no entanto, Trump entendeu: o enorme poder que a Google possui atualmente.
Entre outras coisas, o algoritmo da Google determina que notícias recebemos e quais, por outro lado, ficam despercebidas. Os chefes da empresa podem até dizer, de consciência limpa, que nada foi manipulado, que tudo segue apenas um princípio: somente o que interessa à maioria das pessoas chega ao topo da página de buscas. Relevância – esse é o princípio básico; só assim a companhia se tornou tão grande.
No longo prazo, no entanto, isso não vai continuar assim. A Google sempre tentou se apresentar como um bom "amigo" e "parceiro", em consonância com o slogan dos dias de sua fundação: Don't be evil (Não seja mal). Esse lema chama atenção, porque contém uma grande dose de moralidade. Existe o bem e o mal. E nós – os fundadores queriam dizer – optamos pelo lado bom.
Atualmente, a Google mudou o seu slogan, que agora é: Do the right thing (Faça a coisa certa). Parece simpático à primeira vista, mas não é. Por exemplo, pergunte a Trump o que ele acha que é "a coisa certa". Em termos de moralidade, a Google de hoje parece ser muito mais flexível do que em seus primeiros dias.
Isso deve assustar todas as pessoas que acreditam que a internet também vai determinar o futuro de nossa democracia e sociedade. Precisamos de alguém que monitore justamente isso: a neutralidade da Google e o respeito a ela. Nenhuma autoridade, nenhum político – mas uma instituição neutra.
Por exemplo, uma fundação. Ela deve evitar que a Google se torne um brinquedo da economia ou da política. Pois, quanto menos concorrência existir na internet, mais tangível se torna esse perigo. Se pudesse, Trump adoraria ditar à empresa, por lei, como ele e seus pontos de vista devem aparecer no mecanismo de busca.
Até agora, a decisão de a Google permanecer neutra ficou nas mãos, principalmente, da própria empresa. Da mesma forma, a própria companhia tem que se defender de tentativas de manipulação e outros ataques. E nós, os usuários, temos que acreditar que a gigante de buscas realmente quer permanecer neutra.
Isso é perigoso, porque atualmente a empresa detém uma posição de quase monopólio. E é por isso que a própria Google também deveria estar contente com um controle independente externo – e não se acastelar tão veementemente como tem feito até agora.
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