Ampliação da UE
1 de maio de 2009As projeções de que a adesão simultânea de oito países do centro da Europa e duas ilhas do Mediterrâneo, em maio de 2004, acabariam com a estabilidade da Europa e a levariam ao caos acabaram não se concretizando.
Cinco anos depois da grande ampliação, do "Big Bang", e dois anos após a adesão da Romênia e da Bulgária, pode-se dizer o contrário: a entrada dos novos países foi um grande êxito tanto para a União Europeia (UE) como para os próprios novos membros.
Houve prosperidade econômica e, sob o ponto de vista político, os Estados estão a caminho da plena integração na UE. Sua autoconfiança cresce e é bom que seja assim.
Movimentos populistas na Polônia, crises no governo da República Tcheca, batalhas de rua na Hungria, protestos na Estônia: tudo isso aconteceu nos últimos cinco anos, mas não é de fato surpreendente.
Agora que a pressão externa para o cumprimento dos critérios de adesão à União Europeia cedeu, os conflitos internos nos novos membros eclodem com mais força do que antes.
Essa não é uma evolução incomum nessas sociedades em transformação, que se livraram da supremacia soviética e agora estão formando democracias ocidentais. Com a incorporação à UE, essa transformação se dá de forma orientada. É por isso que não houve alternativas à adesão.
Agora, cinco anos depois do "Big Bang", a União Europeia enfrenta seu maior teste. Não são as desavenças em relação ao Tratado de Lisboa nem a queda prematura do governo tcheco (que ocupa a presidência rotativa), mas a profunda crise econômica e as consequências sociais daí resultantes que irão testar a UE de forma extrema.
O embate de forças no interior da União Europeia aumentará. Agora se tornará visível como anda a solidariedade entre os países relativamente ricos e os relativamente pobres.
Até agora, pretende-se dar ajuda financeira a todos os países que não têm condições de se salvar sozinhos. Mas ninguém no momento pode prever quanto dinheiro será necessário e se todos os Estados poderão ser salvos da falência.
Quando se tratar de muito dinheiro, os interesses nacionais de países cujas finanças permanecem relativamente saudáveis, como a Alemanha, serão maiores do que o sentimento europeu?
Nos últimos cinco anos, cresceu a importância da UE no mundo. Os 500 milhões de cidadãos da UE não só vivem numa das maiores economias do mundo, como a política externa da UE também adquiriu contornos mais definidos.
Os vizinhos da UE foram integrados numa nova cooperação política. A questão agora é: como será daqui para diante?
A Croácia está pronta para a adesão. Com a Turquia estão ocorrendo duras negociações. A Macedônia apresentou um pedido de adesão. Os outros Estados dos Bálcãs deverão fazer o mesmo, um após o outro. É imaginável que em seis, sete ou oito anos, o número de membros tenha chegado a 33 em vez de 27.
A ampliação tem que continuar, pois só a adesão à UE abre aos Bálcãs a perspectiva de estabilidade duradoura. Mas o processo de reforma da UE deve prosseguir de forma paralela, para manter a União Europeia governável. Um eventual fracasso do Tratado de Lisboa não deve servir para desencorajar. Haverá um outro tratado, um outro caminho.
Tomara que a UE tenha aprendido uma lição: ela não pode, mais uma vez, importar um conflito que traga consigo muitos outros problemas. O tema aqui é o Chipre. A entrada da ilha dividida na UE, sem a resolução do conflito entre gregos e turcos, foi um erro. Isso não deve voltar a acontecer em relação aos países dos Bálcãs. As relações com o Kosovo, por exemplo, devem ser definidas antes que se aceite a Sérvia.
A Bósnia-Herzegovina precisa ser um país que funcione plenamente e não ser integrada como uma nação etnicamente dividida. E se houver a adesão dos países dos Bálcãs, esta deve acontecer num segundo "Big Bang", para que os países não usem velhas rivalidades como forma de pressão uns contra os outros.
Não pode ser que a Croácia, como país-membro da UE, por exemplo, exija concessões de candidatos como a Sérvia. Ou todos, ou nenhum.
Autor: Bernd Riegert
Revisão: Alexandre Schossler