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O tempo acabou, Reino Unido

Rob Turner
13 de dezembro de 2018

Mesmo com um catastrófico Brexit duro se aproximando, os conservadores perdem tempo com moções de desconfiança. Londres parece que não está ouvindo o tique-taque do relógio, opina Rob Turner.

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Primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May
Primeira-ministra do Reino Unido, Theresa MayFoto: Getty Images/L. Neal

Caro Reino Unido,

Jura? Você tem mesmo tempo para isso? Do jeito que as coisas estão no momento, dentro de semanas você vai pular fora da União Europeia sem acordo algum. O que quer que os linhas-duras do Brexit digam em contrário, isso seria catastrófico.

A menos que seus deputados aprovem o acordo de divórcio, ou suspendam o Artigo 50, você vai encarar um Brexit duro. Então, por que desperdiçar todo esse tempo precioso com politicagem partidária interna?

Se a primeira-ministra Theresa May tivesse perdido a moção de desconfiança, encontrar um novo chefe de governo poderia ter tomado seis semanas. E até 29 de março, são só 14 semanas. Aí, é Dia D para o Brexit – essa escolha de termos não é mero acaso, estou só tentando lhe falar na única língua que você parece que entende.

"O Reino Unido mudou de primeiro-ministro em maio de 1940 – no meio de uma crise nacional monstruosamente maior do que esta. Se tem que ser feito, tem que ser feito", tuitou o brexiteiro Bernard Jenkin, depois que o voto foi anunciado.

Mas estes são outros tempos, não estamos em 1940, não é a Segunda Guerra Mundial. Tivemos paz por mais de 70 anos, graças à cuidadosamente arquitetada unidade europeia. O potencial desastre é de sua própria autoria. Então, por que a mudança agora? Por que rasgar ainda mais o já desgastado tecido de um país fragmentado?

É possível chutar a lata ladeira abaixo enquanto, ao mesmo tempo, se arrasta os pés? Pois é o que você parece estar fazendo nos últimos dois anos. Ah, sim, May tem grande parte da culpa por isso.

A desnecessária eleição antecipada de 2017 significou que meses preciosos, que poderiam ter sido empregados em trabalhar duro por um acordo, foram desperdiçados em campanha. E acabaram num governo ainda mais frágil.

May apresentou um esboço inicial, o assim chamado plano Chequers, que resultou numa onda de renúncias nos altos escalões. Mas o tempo chegou ao fim, depois que se precisou de um prazo imenso para progredir num esboço de acordo e depois demorou-se para votá-lo.

Parece irônico que, só em seu desafiador pronunciamento na manhã do voto de desconfiança, May finalmente acertou no tom. Substituir líderes poderia "ter colocado em risco o futuro do nosso país e criado incerteza, quando menos podemos nos permitir", afirmou.

E ela tem razão: o Parlamento sai em recesso de Natal dentro de apenas sete dias. O que um novo líder poderia ter feito antes do Brexit? Faça os cálculos: não poderia haver mudança na configuração do Parlamento; o governo continuaria não tendo maioria; haveria o mesmo número de deputados em exercício, a maioria dos quais votou pela permanência na UE.

A questão da fronteira da Irlanda não mudaria tendo-se um político pró-Brexit mais fervoroso no governo. Tanto o Acordo de Belfast quanto a UE insistem que não haja uma fronteira fechada entre a Irlanda do Norte e a República da Irlanda. Se houvesse tempo para resolvê-la, já teria sido feito.

Então, quais são suas opções realísticas? Outra eleição geral? Não há tempo. Outro referendo sobre o Brexit? Não há tempo. Um acordo com a UE no estilo dos com o Canadá, Noruega ou Suíça? Você sabe quanto tempo levou para chegar a esses acertos?

E aí reside o problema: mesmo com todo o tempo do mundo, não seria factível. Os 48 e poucos rebeldes que apresentaram a moção de desconfiança estão sonhando se acham que poderiam forçar um resultado diferente do acordo do Brexit.

Não haverá outro resultado. Basta, a Europa disse. A próxima cúpula da UE é nesta quinta-feira (13/12), e não vai haver mais tempo para renegociações. O relógio faz tique-taque, mas você parece que não está ouvindo.

Talvez seja altamente simbólico os sinos do famoso Big Ben do Parlamento britânico estarem atualmente silenciosos. Os ponteiros foram removidos em abril, para trabalhos de manutenção com três anos de duração prevista. Consertar o país deverá levar bem mais tempo.

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