É verdade que, em seres humanos adultos, o vírus zika provoca sintomas relativamente leves, que desaparecem após poucos dias. No entanto, não podemos subestimar a ameaça que esse agente infeccioso representa.
A rápida disseminação do vírus no Brasil, desde o ano passado, mostra que se trata de uma doença infecciosa altamente perigosa. É precisamente pelo fato de as consequências da enfermidade, tais como erupções cutâneas e dores nas articulações semelhantes às da gripe, só ocorrerem de forma breve e desaparecerem sozinhas, que muitos doentes sequer percebem a infecção. Isso contribuiu para que o vírus se espalhasse tão rapidamente.
As consequências para as pessoas afetadas são, pela sua gravidade, comparáveis a doenças como a poliomielite. Bebês que nascem com microcefalia são mentalmente deficientes desde o nascimento e têm uma expectativa de vida curta, especialmente em regiões do mundo com assistência médica inadequada.
O fato de ter demorado tanto até que médicos percebessem uma possível ligação entre o zika e a terrível malformação mostra como o vírus é traiçoeiro.
A declaração de emergência sanitária mundial deve ser entendida como um apelo da Organização Mundial de Saúde (OMS), que deixa claro que não apenas o Brasil e alguns países tropicais são afetados, mas sim o mundo inteiro. E o mundo inteiro precisa se unir para enfrentar esse desafio.
Só dessa forma a OMS pode mobilizar os recursos necessários para iniciar a luta contra o zika em três frentes principais. Em primeiro lugar, vem o desenvolvimento de uma vacina. As chances de que ela possa ser encontrada parecem ser muito boas, porque as propriedades desse vírus do gênero Flavivírus são conhecidas.
Em segundo lugar, vem o esclarecimento das mulheres que planejam engravidar. Elas devem saber como reconhecer uma infecção e como se proteger dela.
Por fim, há a luta contra o mosquito Aedes aegypti e contra seus focos de reprodução. Isso deve ser feito o mais rapidamente possível. Embora seja a tarefa mais difícil, é também a arma mais eficaz – não apenas contra o zika, mas também contra uma série de outros vírus altamente perigosos transmitidos pelo mesmo mosquito, como a dengue e a chikungunya.