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Nem político de carreira, nem revolucionário

19 de março de 2012

Ele já tinha a confiança da maioria dos alemães há muito tempo. E agora foi eleito presidente da Alemanha. Joachim Gauck colocará novos temas em debate. Isso é bom para o cargo, na opinião da editora-chefe Ute Schaeffer.

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Um presidente dos corações? Pode ser, porque popular o ex-chefe do departamento que administra os arquivos da Stasi sem dúvida é. Por trás de Joachim Gauck está o apoio de todos os partidos no governo e de oposição, com exceção do partido A Esquerda. E ele goza da confiança de 80% dos alemães.

Um bom começo, já que ele quer ser um presidente dos cidadãos: aquele que busca o diálogo direto. Um presidente que não foge dos temas que preocupam as pessoas do país. Um presidente que quer fazer a política e os políticos estarem a serviço das pessoas no país.

Responsabilidades

A classe política espera que Gauck represente com dignidade seu cargo, ao qual seus dois últimos antecessores renunciaram. As pessoas no país querem que ele aborde os temas que as preocupam: mais justiça social, uma melhor política para a família, uma melhor integração do Leste e oeste da Alemanha, 22 anos após a reunificação. Esses temas são mais próximos a Gauck do que a crise financeira ou a política externa alemã.

Para ele, a questão primordial é aproximar o setor político e sociedade. Somente quando ambos assumirem as responsabilidades que têm em um sistema democrático, podem-se defender e desenvolver em longo prazo a democracia, o estado de direito e a liberdade do indivíduo.

Defesa dos direitos humanos

Responsabilidade e liberdade são dois valores obrigatórios para Gauck – com boas razões e por experiência própria. Gauck nasceu em 1940 na ex-Alemanha Oriental, uma ditadura sem direitos civis, e lutou por esses direitos. Hoje, em uma Alemanha democrática, ele conclama os cidadãos a proteger esses direitos, buscar o diálogo e participar da política.

Gauck critica a apatia, a falta de interesse pela política na Alemanha. Ele acha necessário que as pessoas no país se engajem mais politicamente – para que assim o avanço e o desenvolvimento aconteçam, para que assim a política seja mensurável e natural.

Para que não haja mal-entendidos: esses não são temas que Gauck considere tarefas do presidente. Esses são temas que ele considera importantes. Como pastor luterano na Alemanha comunista ele teve que ponderar muito entre coragem e adaptação. "Nós somos o povo!" Neste lema do movimento alemão-oriental, o qual Gauck também ouviu, está a demanda: nos dêem nossos direitos de volta!

Foi para isso que Gauck lutou na época imediatamente anterior à reunificação, ele viveu e incentivou o fortalecimento da cidadania em um Estado totalitário. A ditadura, que atinge a todos, como o próprio Gauck uma vez descreveu, foi deposta. Para ele, uma experiência fundamental.

Nem direita nem esquerda

As convicções e tópicos de Gauck não são nem de direita nem de esquerda. Suas posições correspondem a uma bandeira sem cores. Ele mesmo certa vez se descreveu como "conservador liberal de esquerda". Uma provocação – em especial aos políticos e à imprensa. Os alemães encaram essa imparcialidade de forma serena, talvez a considerem uma vantagem.

Às vantagens também se soma o fato de que Joachim Gauck não é nem um político de carreira nem um revolucionário. Suas posições podem ser polêmicas e, provocativas para alguns, mas ele se posiciona a favor do diálogo.

Desta maneira, pode-se ter uma expectativa em relação ao novo presidente. Especialmente, que ele volte a ser aquele que toque em assuntos desagradáveis e incentive debates políticos e sociais. Isso faria bem ao cargo, e ao país também!

Autora: Ute Schaeffer (ff)
Revisão: Roselaine Wandscheer