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Opinião: A Alemanha e o "juiz da morte" iraniano

Rainer Hermann, FAZ & Klett-Cotta
Rainer Hermann
13 de janeiro de 2018

Líderes iranianos não podem entrar nos EUA. No país europeu, quem executou mais de 2 mil pessoas, incluindo crianças, recebe tratamento de saúde, comenta o jornalista Rainer Hermann, do "Frankfurter Allgemeine Zeitung".

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Aiatolá Mahmoud Hashemi Shahroudi
Aiatolá Shahroudi chefiou a Justiça iraniana de 1999 a 2009Foto: Tasnim

O fato de pacientes de muitos países do mundo confiarem nos médicos e hospitais da Alemanha é sinal do prestígio do sistema de saúde nacional. Em algumas cidades, como Wiesbaden, Munique e Hannover, o turismo de saúde se tornou há muito tempo um importante setor econômico.

Por isso causou pouca surpresa a notícia de que um membro proeminente da liderança do Irã estava sendo tratado numa clínica privada em Hannover, dirigida por um conhecido médico iraniano. Pacientes da Arábia Saudita voam para os EUA. Isso é negado aos iranianos. Em vez disso, eles voam para a Alemanha – onde nunca encontraram dificuldades.

No caso do aiatolá Mahmoud Hashemi Shahroudi, foi diferente. Ele foi responsável por todo o sistema judiciário iraniano de 1999 a 2009, período durante o qual mais de 2 mil pessoas foram executadas. Ele é acusado de graves violações dos direitos humanos, como a execução de crianças e adolescentes. Ele teria sido tratado em Hannover de um tumor cerebral. Esta possibilidade também deveria estar aberta para ele.

Rainer Hermann é jornalista do Frankfurter Allgemeine Zeitung
Rainer Hermann é jornalista do Frankfurter Allgemeine ZeitungFoto: picture-alliance/dpa

Segundo o político do Partido Verde Volker Beck, a Alemanha não deve se tornar um "sanatório" para quem violou os direitos humanos e tem sangue nas mãos. Contudo esse é exatamente o caso do ex-chefe do judiciário iraniano Shahroudi. Ele não tinha piedade e defendia castigos arcaicos, como apedrejar ou jogar os condenados de uma montanha.

No Irã, enquanto Shahroudi estava sendo tratado na Alemanha, dezenas de milhares se manifestavam contra as condições no país. O ministro do Exterior alemão, Sigmar Gabriel, se encontrava em Bruxelas com seu homólogo iraniano, Mohammad Javad Zarif, na quinta-feira (11/01), enquanto o "juiz da morte" esperava em Hamburgo por seu voo de regresso.

Três ações judiciais foram apresentadas contra Shahroudi nos últimos dias na Procuradoria Geral da República da Alemanha. Elas não impediram sua partida, possivelmente até a aceleraram. Pois a liderança iraniana deve ter percebido que não pode mais enviar livremente qualquer político para tratamento na Alemanha. No entanto, quem se sentirá confirmado são os críticos da política alemã para o Irã, que acusam Berlim de compreensão inabalável em relação a Teerã.

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