Opinião: Oposição da Polônia contra-ataca
Neste fim de semana (07-08/05) a capital da Polônia foi repetidamente palco de protestos de massa contra o partido nacional-conservador de Jaroslaw Kaczynski, que governa sozinho o país. Segundo algumas estimativas, mais 200 mil pessoas teriam participado. Assim, essa seria a maior manifestação antigovernista desde a tomada do poder, em outubro de 2015.
Sem dúvida é uma vitória da oposição, em especial da liberal Plataforma Cívica, sob a liderança do ex-ministro do Exterior Grzegorz Schetyna. Também fica caracterizado que uma parte da sociedade – sobretudo nas metrópoles – não está disposta a aceitar o estilo de governança de Kaczynski.
A grande manifestação, contudo, não anula o fato de que Kaczynski e seus seguidores têm o leme do país bem firme nas mãos. Em primeira linha entre a população mais pobre, rural ele continua tendo grande popularidade. A crer nas pesquisas de opinião, o Partido da Lei e Justiça (PiS) seria capaz, ainda hoje, de decidir a eleição em próprio favor.
O principal motivo para tal é o salário-família recém introduzido, que constitui uma ajuda financeira vital para muitas famílias mais pobres. Por mais que o Tribunal Constitucional tenha sido neutralizado e os meios de comunicação de direito público transformados na emissora do Estado: para a maior parte do eleitorado mais pobre as benesses sociais parecem ser muito mais importantes.
Apesar disso, centenas de milhares de manifestantes nas ruas não são um bom agouro para Kaczynski e seu partido. Caso o nacionalista continue se negando a dialogar com a oposição e a fazer acordos, os protestos aumentarão e em algum momento se farão notar também nas pesquisas. Mas até lá o caminho é longo.