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Opinião: O mundo precisa se unir contra o zika

2 de fevereiro de 2016

Declaração de emergência sanitária mundial emitida pela OMS é caminho certo para mobilizar recursos necessários à luta contra o perigoso vírus, opina o jornalista científico Fabian Schmidt.

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Deutsche Welle Fabian Schmidt
Fabian Schmidt é jornalista da redação de ciência da DWFoto: DW/P.Henriksen

É verdade que, em seres humanos adultos, o vírus zika provoca sintomas relativamente leves, que desaparecem após poucos dias. No entanto, não podemos subestimar a ameaça que esse agente infeccioso representa.

A rápida disseminação do vírus no Brasil, desde o ano passado, mostra que se trata de uma doença infecciosa altamente perigosa. É precisamente pelo fato de as consequências da enfermidade, tais como erupções cutâneas e dores nas articulações semelhantes às da gripe, só ocorrerem de forma breve e desaparecerem sozinhas, que muitos doentes sequer percebem a infecção. Isso contribuiu para que o vírus se espalhasse tão rapidamente.

As consequências para as pessoas afetadas são, pela sua gravidade, comparáveis a doenças como a poliomielite. Bebês que nascem com microcefalia são mentalmente deficientes desde o nascimento e têm uma expectativa de vida curta, especialmente em regiões do mundo com assistência médica inadequada.

O fato de ter demorado tanto até que médicos percebessem uma possível ligação entre o zika e a terrível malformação mostra como o vírus é traiçoeiro.

A declaração de emergência sanitária mundial deve ser entendida como um apelo da Organização Mundial de Saúde (OMS), que deixa claro que não apenas o Brasil e alguns países tropicais são afetados, mas sim o mundo inteiro. E o mundo inteiro precisa se unir para enfrentar esse desafio.

Só dessa forma a OMS pode mobilizar os recursos necessários para iniciar a luta contra o zika em três frentes principais. Em primeiro lugar, vem o desenvolvimento de uma vacina. As chances de que ela possa ser encontrada parecem ser muito boas, porque as propriedades desse vírus do gênero Flavivírus são conhecidas.

Em segundo lugar, vem o esclarecimento das mulheres que planejam engravidar. Elas devem saber como reconhecer uma infecção e como se proteger dela.

Por fim, há a luta contra o mosquito Aedes aegypti e contra seus focos de reprodução. Isso deve ser feito o mais rapidamente possível. Embora seja a tarefa mais difícil, é também a arma mais eficaz – não apenas contra o zika, mas também contra uma série de outros vírus altamente perigosos transmitidos pelo mesmo mosquito, como a dengue e a chikungunya.

Fabian Schmidt
Fabian Schmidt Jornalista especializado em Ciência, com foco em tecnologia e invenções.