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Irã não abrirá mão de sua arma mais eficaz

Rainer Hermann, FAZ & Klett-Cotta
Rainer Hermann
10 de fevereiro de 2019

Um simples acordo não bastará para limitar os mísseis balísticos iranianos. Trata-se de uma "arma dos pobres" essencial para o sentimento de segurança do país, opina Rainer Hermann, do jornal "FAZ".

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Mísseis terra-terra expostos nas comemorações do 40º aniversário da Revolução Islâmica do Irã
Mísseis terra-terra expostos nas comemorações do 40º aniversário da Revolução Islâmica do IrãFoto: picture-alliance/dpa/AP/V. Salemi

No palco da política mundial, gera grande inquietação o cancelamento do Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF), fechado entre os Estados Unidos e a Rússia. Sua meta era evitar ataques com mísseis de médio alcance. Contudo, diversos países do Oriente têm muito mais medo de um outro perigo vindo do ar: os mísseis balísticos da República Islâmica do Irã.

Como todos os anos, durante os Dias da Revolução, de 1º a 11 de fevereiro, a Guarda Revolucionária do Irã, a Sepah Pasdaran, infalivelmente experimenta novos mísseis. Pois as festividades também são uma exibição do que o país é capaz, em termos militares – e do que não é.

Sua Aeronáutica é ineficaz e irremediavelmente antiquada, e ele pouco tem a contrapor às modernas armas americanas da Arábia Saudita. Por isso Teerã teve que encontrar uma outra que servisse à intimidação. Trata-se dos mísseis balísticos, uma eficiente arma dos pobres: custa pouco, mas espanta os vizinhos.

O presidente iraniano, Hassan Rohani, e seu ministro do Exterior, Javad Zarif, sempre se recusaram categórica e decididamente a associar as negociações em torno de um acordo nuclear com uma restrição dos programas nacionais de mísseis. Também sem chances são até hoje as reivindicações do Ocidente de renegociar o programa nuclear e complementá-lo com o desarmamento dos mísseis.

Pois a República Islâmica não renunciará a seus mísseis balísticos. Ela iniciou esse programa por se sentir vulnerável a partir do ar, na guerra iniciada pelo ditador iraquiano Saddam Hussein em 1980, que lançou bombas aéreas contra as grandes cidades iranianas, além de empregar armas químicas.

Atualmente, como está em desvantagem em relação às forças de combate convencionais dos países árabes do Golfo Pérsico, o Irã recorre ao combate assimétrico, usando proxies como milícias xiitas e seus mísseis balísticos. Quem quiser reduzir essa ameaça só terá sucesso se também levar em consideração os interesses de segurança iranianos. Isso, contudo, só é possível no âmbito de uma solução maior para o Oriente Médio.

O modelo poderia ser a Conferência sobre Segurança e Cooperação na Europa (CSCE) de Helsinque. Uma arquitetura de segurança dessa ordem poderia ser desenvolvida de ambos os lados do Golfo, capaz de promover um desarmamento multilateral através de medidas para fomentar a confiança.

Enquanto os países árabes vizinhos se armarem em grande escala, contudo, o Irã certamente não abrirá mão de sua arma mais importante, os mísseis balísticos.

Rainer Hermann é redator do jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung (FAZ).

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