ONU: Meio ambiente em situação alarmante
24 de abril de 2003A degradação e a poluição do meio ambiente no Iraque são consideradas alarmantes pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), que apresentou nesta quinta-feira (24), em Genebra, um estudo em que avalia o impacto ambiental de duas guerras e das sanções econômicas e suas conseqüências para a saúde da população.
"A proteção do meio ambiente também é uma tarefa humanitária", acentuou Klaus Töpfer, o diretor alemão do órgão da ONU com sede em Nairóbi, capital do Quênia. A fim de realizar um levantamento em loco e estabelecer um catálogo das medidas necessárias, o Pnuma pretende enviar em breve uma equipe ao Iraque.
De "a" de água a "u" de urânio —
O órgão da ONU atribui a maior prioridade ao restabelecimento dos sistemas de abastecimento de água e tratamento de esgotos, bem como à eliminação de resíduos perigosos, tais como o lixo hospitalar.De grande importância é também o esclarecimento da população sobre como lidar com os destroços de armamentos de guerra espalhados pelo país e que estão, em parte, contaminados com urânio empobrecido. O comando geral das Forças Armadas americanas confirmou a utilização de munição de urânio nesta guerra, mas não há informações sobre a sua quantidade, relatou Töpfer. Na Guerra do Golfo em 1991, foram 290 toneladas.
Convenção internacional — Em entrevista recente a uma emissora de rádio da Alemanha, Klaus Töpfer defendeu a elaboração de um acordo internacional de proteção ao meio ambiente, semelhante à Convenção de Genebra sobre os direitos humanos. Tal acordo deveria, em sua opinião, proibir e condenar os crimes contra o meio ambiente cometidos durante conflitos armados.
Não se deveria poder utilizar o meio ambiente como arma em circunstância nenhuma, defendeu Töpfer, citando como exemplos os fogos ateados a poços de petróleo ou a contaminação premeditada da água e de lençóis freáticos.
Töpfer, que foi o primeiro ministro do Meio Ambiente alemão, defende a elaboração de um tratado desta espécie mesmo considerando que não são grandes as perspectivas de adesão a ele por parte, por exemplo, dos Estados Unidos. Contudo, a experiência com outras convenções internacionais, tais como o Protocolo de Kyoto, não pode servir de desculpa para não se agir em situações em que há riscos graves ou de longo prazo para a população, argumenta.