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PolíticaCoreia do Norte

ONU diz que Pyongyang usa ciberataques para financiar armas

10 de fevereiro de 2021

Relatório afirma que Pyongyang roubou mais de 300 milhões de dólares em criptomoedas nos últimos meses para financiar desenvolvimento de mísseis atômicos.

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Líder norte-coreano, Kim Jong-un
Líder norte-coreano Kim Jong-un impulsionou o programa nuclear de PyongyangFoto: KCNA/REUTERS

A Coreia do Norte roubou mais de 300 milhões de dólares em criptomoedas através de ataques cibernéticos nos últimos meses para financiar seus programas de mísseis nucleares, denuncia um relatório confidencial da ONU revelado nesta quarta-feira (10/02).

Compilado por um painel de especialistas que monitora as sanções contra Pyongyang, o relatório foi enviado aos membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

O texto afirma que "o roubo total de ativos virtuais realizado pelo país de 2019 a novembro de 2020 está avaliado em aproximadamente 316,4 milhões de dólares", citando informações fornecidas por um Estado-membro da ONU não identificado.

Instituições financeiras e corretoras de câmbio virtuais foram hackeadas para gerar receita para o desenvolvimento nuclear e de mísseis de Pyongyang, ressalta o relatório. A grande maioria das receitas teria sido proveniente de dois roubos realizados no final do ano passado.

Os especialistas relataram anteriormente o envolvimento contínuo no Irã da Korea Mining Development Trading Corporation, o principal negociante de armas da Coreia do Norte e principal exportador de bens e equipamentos relacionados a mísseis balísticos e armas convencionais, que estão sob sanções da ONU.

No relatório, os especialistas citaram um país não identificado que acusa a Coreia do Norte e o Irã de terem retomado "a cooperação em longo prazo em projetos de desenvolvimento de mísseis", incluindo "a transferência de peças críticas, com a remessa mais recente associada a este relacionamento tendo ocorrido em 2020". O governo iraniano negou a acusação.

Exército de hackers

A Coreia do Norte é conhecida por operar um exército de milhares de hackers bem treinados que atacaram empresas, instituições e pesquisadores na Coreia do Sul e em outros lugares. Também foi acusada de explorar seus recursos cibernéticos para obter ganhos financeiros.

Pyongyang é alvo de vários conjuntos de sanções internacionais por causa de seu programa de armas nucleares e de mísseis balísticos, que fizeram rápido progresso sob o governo de Kim Jong-un.

O arsenal da Coreia do Norte transformou-se em uma grande ameaça aos Estados Unidos após testes em 2017 que incluíram a detonação de uma suposta ogiva termonuclear e testes de voo que demonstrariam a capacidade dos mísseis norte-coreanos de atingir o continente americano.

Negociações paradas

Um ano depois, Kim iniciou conversas diplomáticas com a Coreia do Sul e o então presidente americano, Donald Trump. Uma reunião de cúpula entre Kim e Trump em Hanói em fevereiro de 2019 foi abruptamente interrompida por divergências sobre condições para um possível alívio das sanções.

Parada em Pyongyang exibe mísseis norte-coreanos
Parada militar em Pyongyang exibe mísseis norte-coreanosFoto: KCNA/Reuters

As negociações nucleares estão paralisadas desde então, enquanto a Coreia do Norte exibiu vários novos mísseis em paradas militares em outubro e no mês passado, quando Kim prometeu fortalecer seu arsenal nuclear.

O painel da ONU disse que está investigando um ciberataque ocorrido em setembro de 2020 em uma bolsa de criptomoedas que resultou no roubo de criptomoedas no valor de 281 milhões de dólares. Um segundo ataque cibernético desviou 23 milhões de dólares um mês depois.

Ataque à Sony Pictures

As habilidades de guerra cibernética de Pyongyang ganharam proeminência global em 2014, quando o país foi acusado de hackear a Sony Pictures Entertainment como vingança pelo filme A entrevista, uma produção satírica que zombava do líder Kim.

O ataque resultou na publicação de vários filmes ainda não lançados, assim como em um vasto acervo de documentos confidenciais online.

O regime de Pyongyang também é considerado culpado por um enorme assalto cibernético de 81 milhões de dólares ao Banco Central de Bangladesh, assim como pelo roubo de 60 milhões de dólares do Far Eastern International Bank, de Taiwan.

Os hackers ligados a Pyongyang supostamente intensificaram as campanhas para arrecadar fundos, atacando as bolsas de criptomoedas enquanto o valor do bitcoin e de outras moedas virtuais disparava.

Eles foram responsabilizados pelo ciberataque global usando um malware chamado WannaCry em 2017, que infectou cerca de 300 mil computadores em 150 países, criptografando arquivos de usuários e exigindo centenas de dólares de seus proprietários pelas chaves para recuperá-los.

Pyongyang nega as acusações, dizendo que "não tem nada a ver com ataques cibernéticos".

md/ek (AFP, AP)