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Obama critica Trump na reta final da campanha

3 de novembro de 2018

Nas vésperas das eleições legislativas, ex-presidente acusa sucessor de manobra política ao utilizar migrantes para infligir medo na população. "Não vaiem, não usem hashtags. Votem!", pede o democrata.

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Obama disse que "disseminação do medo" promovida pelos republicanos visa apenas distrair a atenção das pessoas dos fatos
Obama: "disseminação do medo" promovida pelos republicanos visa distrair a atenção das pessoas dos fatosFoto: Reuters/J. Skipper

O ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama voltou aos palanques nos últimos dias em apoio aos candidatos do Partido Democrata, pouco antes das eleições legislativas na próxima semana, consideradas cruciais para o destino político do país.

Nesta sexta-feira (02/11), ele reforçou as críticas ao seu sucessor na Casa Branca, o presidente Donald Trump, acusando-o de utilizar a questão migratória para o que chamou de uma "manobra política".

Nos últimos dias, Trump vem endurecendo a retórica anti-imigração, utilizando as caravanas de migrantes que se dirigem à fronteira do México com os EUA para tentar mobilizar a base republicana antes das eleições legislativas de meio de mandato. O pleito, marcado para 6 de novembro, poderá transformar o cenário político do país, com um possível avanço da oposição democrata no Congresso.

O presidente disse que cogita reforçar o contingente militar na fronteira com o México com envio de até 15 mil soldados, praticamente o dobro do que o Pentágono havia planejado, para deter o que chamou de "invasão" de migrantes. Ele orientou os militares a reagir a possíveis agressões. "Quando jogarem pedras, como fizeram contra os militares e a polícia do México, considerem como se fossem fuzis", afirmou. 

Durante um discurso emocionado em Miami, em evento em prol dos candidatos democratas na Flórida, Obama disse que o governo republicano está "levando nossos bravos soldados para longe de suas famílias em nome de uma manobra política na fronteira".

Segundo o ex-presidente, o envio das tropas serviria o propósito de deixar a população "com raiva e assustada". Ele ressaltou que a "disseminação do medo" promovida pelos republicanos visa apenas distrair a atenção das pessoas dos fatos.

"Vamos fazer história aqui na Flórida", disse Obama ao declarar seu apoio ao candidato democrata ao governo do estado, Andrew Gillum, que enfrenta uma campanha bastante concorrida contra o republicano pró-Trump Ron DeSantis, e ao candidato à reeleição ao Senado Bill Nelson.

O ex-presidente pediu ações mais decisivas por parte dos cidadãos americanos. "Se não gostam do que está ocorrendo agora, não reclamem", disse, sem mencionar em nenhum momento o nome de Trump.

"Não fiquem nervosos e entrem em pânico, não ergam as mãos em desespero. Não vaiem, Não usem hashtags. Votem!", pediu Obama. "Vocês podem votar por uma política que seja decente, honesta, lícita, por uma política que tenta fazer o que é certo para as pessoas", afirmou, em outro evento de campanha no estado da Geórgia.

Por sua vez, Trump, em campanha no estado da Virgínia Ocidental, disse que assistiu ao discurso de Obama a bordo do avião presidencial Air Force One e acusou seu antecessor de mentir aos eleitores em temas como o sistema de saúde, liberdade de imprensa e o comércio internacional.

"Mentira após mentira, promessas não cumpridas após promessas não cumpridas. Foi isso que ele fez", disse o presidente, acrescentando que "ninguém foi pior para a imprensa do que Obama". "Ele diz agora que eu devo ser simpático com as notícias falsas. Não, obrigado."

No fim de semana, Trump participará de eventos republicanos nos estados de Montana, Flórida, Geórgia e Tennessee. Obama atuará em campanhas democratas em Gary, Indiana e Chicago.

Na próxima terça-feira, os americanos vão eleger parlamentares para todas as 435 cadeiras da Câmara dos Representantes, além de 35 novos senadores de um total de 100, 36 governadores e dezenas de legislaturas estaduais.

Pesquisas de intenção de voto indicam que os republicanos deverão se manter como a maior força no Senado, enquanto os democratas devem se tornar a maioria na Câmara.

RC/ap/rtr/afp

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