O mundo em quadrinhos
28 de agosto de 2003O evento, ainda em sua segunda edição, reúne de 27 a 31 de agosto filmes, exposições, workshops e uma feira com cerca de 100 expositores na Backfabrik, uma velha fábrica transformada em galpão cultural.
Diferentemente da primeira edição, que preferiu celebrar a cena local de quadrinhos e a capital como ponto de encontro de artistas do gênero, a idéia desta vez foi tornar a coisa toda mais internacional. Artistas de vários países vieram a Berlim, e o Reino Unido foi escolhido como convidado especial.
O núcleo do festival é a feira, que reúne desenhistas, fãs, especialistas e críticos durante os cinco dias do evento. É lá que se encontram raridades e novidades dos mais exóticos cantos do planeta.
Outro pilar do festival é a exposição Ao redor do mundo em 80 quadrinhos (até 28/09), um panorama da atual produção internacional, ressaltando, de um lado, as semelhanças entre desenhos dos mais diversos países e, de outro, as diferenças que caracterizam cada produção local. Para os que preferem os clássicos, há a mostra Rato e Pato - Mickey e Donald em transformação. Nem a produção da RDA, a antiga Alemanha comunista, escapou do programa.
Um Pulitzer dos gibis
Paralelamente ao festival, estão expostas obras de Art Spiegelman, estrela do festival e único desenhista de quadrinhos premiado com um prêmio Pulitzer pela série Maus, uma alegoria do nazismo baseada nas memórias de seu pai.
Depois de Maus, Spiegelman não publicou nenhuma outra grande série, mas suas criações para a capa da revista New Yorker, feitas nos últimos 15 anos, não são menos geniais. Elas estão reunidas na mostra Kisses from New York (até 17/09 no Martin-Gropius-Bau), cujo título se refere a um de seus mais polêmicos desenhos, feito para o Dia dos Namorados, no qual um judeu ortodoxo beija uma afro-americana. Também estão expostos na mostra desenhos de Spiegelman sobre o ataque de 11 de setembro, com as torres do World Trade Center em preto sobre papel preto, visíveis apenas com um certo esforço, como que fugindo da memória. Quem disse que quadrinho é coisa para crianças?