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O Brasil na imprensa alemã

26 de abril de 2017

Espetacular assalto a uma transportadora de valores no Paraguai e delações premiadas de ex-executivos da Odebrecht são destacados pela imprensa alemã. Canal de TV chama Brasil de "país mais corrupto da América Latina".

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Eröffnungsspiel Arena de Sao Paulo
Foto: picture-alliance/dpa

A imprensa alemã continua a noticiar sobre a Operação Lava Jato, com destaque para os detalhes da delação dos executivos da empreiteira Odebrecht. O assalto milionário a uma transportadora de valores no Paraguai, cometido por criminosos brasileiros, também é destaque.

Frankfurter Allgemeine Zeitung – Caos e terror em Ciudad del Este, 26.04.2017

O jornal de Frankfurt afirma que o espetacular assalto a uma empresa de valores em Ciudad del Este, na fronteira do Paraguai com o Brasil, tem "a claramente reconhecível caligrafia" da facção criminosa brasileira Primeiro Comando da Capital (PCC). O texto traça um breve histórico do grupo.

"Atualmente o cartel mais poderoso do Brasil, com estimados 13 mil membros, o PCC está aumentando sua influência em países vizinhos, como Bolívia, Paraguai e Colômbia. (...) Nos últimos meses, o PCC expandiu agressivamente suas operações e esfera de influência. No Brasil está ocorrendo uma luta sangrenta entre cartéis hostis no Rio de Janeiro e no norte do país. Nos países vizinhos no oeste e do noroeste, o PCC está lutando pelo controle das rotas de tráfico de cocaína para as metrópoles brasileiras e na costa atlântica do país para o transporte para a Europa e a América do Norte."

Der Tagesspiegel – O assalto do século, 26.04.2017

O jornal berlinense noticia que 50 criminosos aterrorizaram uma cidade inteira no Paraguai com uma ação espetacular. "Eles explodiram um cofre, roubaram aparentemente mais de 30 milhões de dólares e fugiram para o Brasil", afirma o diário.

"Eles utilizaram granadas, dinamite, lanchas, artilharia antiaérea e carros blindados e tinham mais munição do que as forças de segurança. Um bando de quase 60 gangsteres executou na cidade fronteiriça de Ciudad del Este, no Paraguai, um dos maiores assaltos da história e roubou, segundo informações preliminares da polícia, o equivalente a 28 milhões de euros de um prédio da empresa de transporte de valores Prosegur."

Süddeutsche Zeitung – "Nenhum evento jamais justificará este estádio", 25.04.2017

Em uma reportagem em duas partes, o jornal de Munique fala dos casos de corrupção na construção de estádios da Copa de 2014, em especial o da Arena Corinthians, cujos detalhes foram revelados na delação da empreiteira Odebrecht, e lança a pergunta "O que Lula sabia?"

"Em 13 de janeiro de 2011, um dos empresários mais ricos do Brasil convidou um círculo discreto à sua mansão. Era Marcelo Odebrecht, presidente da empreiteira que leva seu nome, a maior do país sul-americano. O tema do encontro: construção e financiamento de um novo templo do futebol em São Paulo. A Arena Corinthians, onde três anos e meio depois a Copa do Mundo de 2014 seria iniciada. O próprio Odebrecht considerava a construção desse estádio "absurda" e "injustificada", mas também por causa disso ele foi construído."

"(O estádio) foi construído praticamente para ser usado 'apenas uma vez', disse Marcelo Odebrecht, de acordo com as investigações. 'Nenhum outro evento jamais justificará esse estádio.' Nesse aspecto central até mesmo aqueles que lucraram com as operações de corrupção concordam com os críticos do gigantismo do mundo dos esportes."

"De acordo com Emílio Odebrecht, presidente do conselho da empresa, o negócio todo deve ser visto como um suborno, como 'presente' da empresa ao clube Corinthians, ou seja, ao grande amor do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Marcelo, filho de Emílio Odebrecht, afirmou que Lula pediu ao seu pai 'um estádio privado para o Corinthians'."

"As investigações mostram que o esporte foi só um acessório no Brasil. O foco era o enriquecimento de políticos e cartolas, e as arenas eram sobretudo canais para a circulação de dinheiro sujo. Os perdedores são os cidadãos e os atletas, que não têm mais dinheiro nem perspectiva."

Das Erste - A corrupção como doutrina de Estado, 24.04.2017

O canal de TV explica os casos de corrupção revelados pela Operação Lava Jato e as consequências da delação dos executivos da empreiteira Odebrecht. A reportagem também chama o Brasil de o país mais corrupto da América Latina.

"Doze governadores, 24 senadores, 37 deputados federais, cinco ex-presidentes e oito ministros de Estado – todos eles são investigados por corrupção pela Procuradoria Geral. Parece até que negócios sujos entre o mundo dos negócios e a política são doutrina de Estado no Brasil, o país mais corrupto da América Latina. Mas é também o país onde um grupo de jovens promotores luta enfaticamente contra o nepotismo. A Lava Jato é a ação anticorrupção que tem o potencial para renovar o país. Ou ela vai falhar ao enfrentar esses inimigos poderosos?"

"O sistema político do Brasil está exposto. Muitos dos deputados, que se autoproclamavam como limpos e que derrubaram a ex-presidente [Dilma] Rousseff um ano atrás para combater a corrupção do seu partido, são agora suspeitos de corrupção."

JPS/ots